Pontes que possibilitam o acesso da Polícia ao Acampamento foram incendiadas em Rondônia. Foto: Banco de Dados AND
Segundo informações enviadas por apoiadores à redação na noite de 17 de outubro, domingo, os camponeses pobres de Rondônia seguem resistindo firmemente à operação de guerra montada pela reação em Nova Mutum para despejá-los de suas terras, na Área Tiago Campin dos Santos. Pontes foram incendiadas pelos trabalhadores e as estradas bloqueadas, tudo para impedir um novo massacre na área.
Pontes que possibilitam o acesso da Polícia ao Acampamento foram incendiadas em Rondônia. Foto: Banco de Dados AND
Tudo ocorre após as últimas denúncias dos camponeses de Rondônia de que um grande massacre está sendo preparado – cuja última expressão foi a mobilização de mais de 3 mil soldados no sábado, 16 de outubro.
Acuada pela resistência contundente das famílias trabalhadoras e pela grande campanha de apoio, a Polícia Militar de Rondônia (PM-RO) divulgou uma nota no domingo, dia 17 de outubro, buscando justificar-se. Nela, a PM-RO afirma que a operação de despejo da Área Tiago Campin dos Santos está sob sua direção.
Estradas também foram bloqueadas pela resistência das famílias em Rondônia e impossibilitaram o acesso da Polícia ao Acampamento. Foto: Banco de Dados AND
Para realizar a chamada Operação "Nova Mutum" estão mobilizados mais de 3 mil agentes das forças de repressão, número exorbitante, dentro do qual há tropas especiais (que, contudo, não intimidam os camponeses). A operação tem por objetivo atacar as mais de 600 famílias (cerca de 2 mil pessoas) das áreas Tiago Campin dos Santos e Ademar Ferreira, localizadas no distrito de Nova Mutum, zona rural de Porto Velho.
Em sua nota, a PM-RO, defensora do latifúndio, afirma que vem "esclarecer" que não se trata de uma operação conduzida pela Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), de alçada do governo federal. A PM-RO admite, porém, a participação da FNSP "em caráter de apoio" juntamente com o Núcleo de Operações Aéreas da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e cidadania (Sesdec); com o Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBMRO). Até mesmo a corporação de outro estado também toma parte na operação: a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul. A nota termina colocando que novas informações devem ser divulgadas nos próximos dias.
Nesta mais recente operação, a PM-RO indica que está cumprindo a decisão de 7 processos julgados pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO).
Mais de 3 mil policiais estão rondando o local que mais de 800 famílias estão lutando por um pedaço de terra em Rondônia. Foto: Reproduçãospan>
JUSTIÇA, NOVAMENTE, DÁ AVAL A ATAQUES CONTRA O POVO
Em decisão da 10ª Promotoria de Justiça de Porto Velho, o judiciário de Rondônia determina que agentes policiais adotem "imediato patrulhamento" para paralisar o que chamam de "crimes ambientais", referindo-se às construções camponesas que ali vivem e trabalham. Além disso, determina que o Comando Geral da PM faça o registro de suas ações.
Não há nenhuma referência, neste documento emitido no dia 15/10, às inúmeras denúncias dos camponeses sobre as ilegalidades e ataques deliberados de agentes da PM, da Força Nacional e de pistoleiros dos latifundiários da região contra as famílias trabalhadoras.
No dia 13 de agosto, agentes da Força Nacional, em conjunto com a PM, assassinaram pelas costas três camponeses. Amarildo (49 anos), Amaral (17) e Kevin (21) tiveram seus corpos atravessados por projéteis de fuzil disparados pelos agentes. Na ação ilegal foi usado um helicóptero. Os camponeses que estavam presentes no momento denunciaram que os disparos vinham deste helicóptero. Muitos camponeses fugiram para dentro da mata. Um carro também foi alvejado pelos disparos.
Em nota, o portal do jornal Resistência Camponesa afirma que os ataques não cessaram, mas recrudesceram. Em uma nova investida da Força Nacional e da PM-RO contra os camponeses pobres, ocorrida nos dias 2 e 3 de setembro, pelo menos 14 viaturas invadiram a área Ademar Ferreira, apontaram fuzis para crianças e mulheres, além de "apreenderem" (roubarem) motos e incendiarem os barracos. Os policiais "agentes da lei" ainda contaminaram os poços d'água e prenderam arbitrariamente seis adultos e seis crianças, largando-os à esmo em Porto Velho (sem fazer Registro de Ocorrência).
OPERAÇÃO DE GUERRA CONTRA QUEM BUSCA UM PEDAÇO DE TERRA
Trata-se de verdadeira maquinação envolvendo milhares de tropas, que são mantidas com o dinheiro público, cujo objetivo é servir de força de apoio do latifúndio. Os camponeses das Área Tiago Campin dos Santos e Ademar Ferreira já realizaram uma série de denúncias de ataques que caracterizam como covardes e criminosos por parte de agentes da Força Nacional, da PM-RO e outros órgãos do velho Estado brasileiro. Os latifundiários Antônio Martins dos Santos ("Galo Velho") e Ricardo Leite, segundo os pronunciamentos da Liga dos Camponeses Pobres, mantêm ainda pistoleiros ao seu serviço que engrossam as fileiras da tropa reacionária mobilizada para atacar os camponeses.
Mais de 3 mil policiais estão rondando o local que mais de 800 famílias estão lutando por um pedaço de terra em Rondônia. Foto: Reproduçãospan>