Tejucupapo, pequeno distrito de Goiana, município do litoral pernambucano que divisa com o estado da Paraíba, foi palco de uma histórica resistência armada popular contra a invasão holandesa no Brasil, em 1646. Pela destacada liderança e participação decisiva das mulheres neste conflito, ficou conhecido como a Batalha das Heroinas de Tejucupapo, na qual os holandeses foram escorraçados da vila, quando tentavam saqueá-la pela terceira vez.
Em 1646 já fazia 16 anos que a Holanda tinha dominado parte do litoral do Nordeste brasileiro, abrangendo região que ia do atual estado de Sergipe até o estado do Maranhão. Neste tempo, Pernambuco vivia uma grave crise de fome, decorrente de várias batalhas que se travavam pela expulsão dos holandeses. Estes, contudo, ainda dominavam naquele ano parte central de Recife, onde hoje ficam os bairros históricos de Santo Antônio e São José, tendo sido cercados naquele local e ficando sem mantimentos pra se sustentarem, o que fomentou uma série de saques por parte das tropas invasoras holandesas contra as massas das localidades circundantes.
Naquele período, o vilarejo de Tejucupapo possuía apenas uma rua larga, ladeada por casas simples e uma igreja. A população local não escravizada, predominantemente camponesa e indígena, sobrevivia do plantio de mandioca, da pesca de mariscos, da venda de “pixains” (doce de coco típico da região, ainda preservado pela tradição quilombola) e outros produtos. Era uma terra, portanto, abastecida de alimentos pela produção camponesa, se tornando alvo dos holandeses, que estavam perdendo forças, sitiados na Capitania de Itamaracá. Assim, o pequeno vilarejo foi atacado violentamente pelo exército holandês por duas vezes em menos de um mês, pegando os habitantes de surpresa e saqueando por completo o local. A terceira investida dos holandeses, é a que se tornaria histórica, pela brava resistência que derrota os invasores.