09/08/2023

Viva a Heroica Resistência Camponesa de Corumbiara!


Em 1995, 600 famílias tomaram as terras da Fazenda Santa Elina e montaram grande acampamento.

Neste 9 de agosto de 2023, completam-se 28 anos da Heroica Resistência Camponesa de Corumbiara, onde 600 famílias impuseram feroz resistência ao massacre sanguinário promovido pelo latifúndio e seu velho Estado genocida, na fazenda Santa Elina, em 1995. O heroísmo dos camponeses de Corumbiara deve ser sempre celebrado porque prova que nada é impossível quando as massas decididas se organizam em luta. Aquelas bravas famílias resistiram à tentativa de massacre, tiveram força para prosseguir a luta, tiveram organização para retomar e cortar as terras de Santa Elina (em 2010)!

 

Camponeses celebram 15 anos da Resistência de Corumbiara retomando as terras de Santa Elina, 09 de agosto de 2010

9 de agosto é tempo de levantarmos as imagens dos companheiros Sérgio, Nelinho e a pequena Vanessa como nossos estandartes. Eles são como tochas para atravessarmos a escuridão, afinal ‘toda noite tem aurora’! E os raios que anunciam a tempestade já estão no firmamento, as resistências camponesas das áreas Manoel Ribeiro e Tiago dos Santos que impuseram derrotas sucessivas ao governo militar genocida de Bolsonaro e dos generais. Nada, companheiros, é impossível de mudar!

 

Vanessa dos Santos, Manoel Ribeiro (Nelinho), Sérgio e Darli Martins

Desde esta tribuna, o Movimento Feminino Popular saúda calorosamente o 9/agosto, data de uma das mais importantes lutas pela terra no Brasil – a Heroica Resistência Camponesa de Corumbiara. Esta batalha histórica demarcou dois caminhos opostos para o movimento camponês: o caminho burguês, oportunista versus o caminho combativo, revolucionário. O primeiro, só ilude os camponeses, mantém intocada a concentração agrária brasileira, uma das maiores do mundo, mantém a economia camponesa arruinada e trava uma guerra reacionária contra os pobres do campo, especialmente os que se organizam em lutas combativas pela terra. Já o caminho apontado pelos combatentes de Corumbiara, desmascara a “reforma” agrária fajuta do governo, mobiliza, politiza e organiza as massas camponesas pela conquista da terra para quem nela trabalha trilhando o caminho da Revolução Agrária, primeira etapa da Revolução de Nova Democracia, ininterrupta ao socialismo.

A heroica resistência camponesa de Corumbiara foi a mãe do movimento camponês de novo tipo no país, que originou a LCP, se uniu a outras lutas e se espalhou por todo o país, lutando por concretizar o Programa Agrário de Defesa dos Direitos do Povo: 1. Tomar todas as terras do latifúndio, fazer o corte popular e dividir os lotes entre camponeses pobres sem terra ou com pouca terra; 2. Desenvolver a produção cooperada, avançando passo a passo, começando com grupos de ajuda mútua; 3. Organizar Assembleias Populares e Comitês de Defesa da Revolução Agrária, onde os camponeses discutem coletivamente sobre todos seus interesses, tomam decisões democraticamente e aplicam-nas de forma organizada e sem depender do velho Estado. Graças à Revolução Agrária, milhares de camponeses conquistaram suas terras, nos quatro cantos do país.

Os verdadeiros democratas e revolucionários precisam conhecer, relembrar e celebrar a heroica resistência camponesa de Corumbiara, especialmente no momento atual onde o mundo e o país estão afogados na crise geral de decomposição do imperialismo, em estado terminal e quando se abre um novo período de revoluções. Como fera ferida, a reação se debate em violentas disputas internas por salvar seu sistema de exploração através de uma nova partilha mundial, atentando contra as liberdades democráticas, eliminando-as gradualmente no regime “democrático” ou negando-as pela via do fascismo. Os generais golpistas e o bolsonarismo são duas expressões desse embate em nosso País, com os quais conciliam os “democratas” de ocasião e os oportunistas, por terem os mesmos interesses de classe.

Camponeses tomam as terras remanescentes da antiga Santa Elina, a fazenda Nossa Senhora, em 16 de agosto de 2020.

Os reacionários e oportunistas continuam sonhando que podem afogar em sangue nossa luta, mas a história tem demonstrado: o sangue derramado de nossas companheiras e companheiros caídos rega nossa luta e a revolução. Os camponeses demoraram 15 anos de muita luta para finalmente conseguirem tomar e cortar a maior parte da antiga fazenda Santa Elina. Em 2020, a última parte que ainda está nas garras do latifúndio, a fazenda Nossa Senhora Aparecida, foi tomada por dezenas de famílias que organizaram o acampamento Manoel Ribeiro, erguendo alto os estandartes dos heróis de Corumbiara. As famílias enfrentaram aparato de guerra comandado pelo secretário de segurança Hélio Cysneiro Pachá, o carniceiro de Santa Elina, pois foi um dos comandantes das tropas assassinas contra os combatentes de Corumbiara, em 1995. Agora, os camponeses mais experimentados e forjados enfrentaram o cerco e ataques das policias dia e noite, durante meses, impedindo o despejo e novo massacre. Com paus, pedras, estilingues, rojões e escudos os trabalhadores colocaram a polícia pra correr e de forma organizada, recuaram para outras terras; quando a polícia logrou entrar no acampamento, encontrou um trapo estendido, com os dizeres: “Voltaremos mais fortes e mais preparados!”.


Faixa deixada por camponeses no Acampamento Manoel Ribeiro, em 2021

A mesma polícia assassina que promoveu as piores torturas e massacres contra os trabalhadores em 1995, assassinou o líder camponês Gedeon, os ativistas e camponeses Rafael, Amarildo, Amaral, Kevin, Rodrigo, Raniel, nas áreas Tiago dos Santos e Ademar Ferreira, em Nova Mutum, região rural de Porto Velho, em 2021. Mas, dirigidos pela LCP, os camponeses se organizaram e derrotaram o gigantesco aparato de guerra mobilizado por latifundiários e gerentes de turno (federal e estadual), que não conseguiram despejar as centenas de famílias, exterminar a LCP, nem acabar com a luta pela terra.

As heroicas resistências camponesas nas áreas Manoel Ribeiro, Tiago dos Santos e Ademar Ferreira colocaram novamente a questão agrário camponesa no debate nacional, despertaram o interesse e apoio ativo em várias partes do Brasil e do mundo e foi a resposta mais contundente ao governo militar genocida dos generais e Bolsonaro. Ratificam outra lição da batalha de Corumbiara: que não há derrota definitiva para o povo!

O Alto Comando genocida, os governos federal e estadual, junto desse STF de bandidos e Congresso de ladrões, contam que o povo aceitará calado toda miséria e violência reacionária. O povo, principalmente os operários, camponeses e estudantes, como de outras vezes em nossa história, se levantará e cairá sobre esse sistema podre como uma poderosa tempestade! “Os inimigos do povo que sonham com uma massa calada e humilhada, não perdem por esperar. Chegará o dia, e não há de tardar, em que todas as terras de nosso país estarão nas mãos de quem nela vive e trabalha, em que todos os latifúndios estarão tomados e cortados. E aí sim teremos uma Nova Democracia e um Novo Brasil. Neste dia, ao nosso lado, estarão conosco todos os heróis da histórica resistência camponesa de Corumbiara! A eles, portanto, toda a nossa homenagem!(Viva os 25 anos da Heroica Resistência Camponesa de Corumbiara! panfleto da LCP, 2020)

 

Companheiras Vanessa, Maria Bonita e Dona Alzira, presentes na luta!

O Movimento Feminino Popular rende homenagem especial a três heroínas do povo brasileiro que participaram da resistência camponesa de Corumbiara: a pequena Vanessa dos Santos Silva e as companheiras Maria Bonita e Alzira Augusto Monteiro. As heroínas Vanessa e Maria Bonita foram brutalmente assassinadas pela tropa genocida, depois que as famílias já tinham se rendido, com o fim de suas munições. A pequena Vanessa Santos, tinha apenas sete anos e levou um tiro nas costas na frente de sua mãe e vários camponeses. A companheira Maria Bonita é mais uma de tantas heroínas anônimas de nosso povo, não pôde ser identificada pois o acampamento que era recente, menos de um mês, reunia centenas de pessoas, 600 famílias, muitos dos quais não se conheciam; além do fato de que muitos camponeses desapareceram após o terrorismo promovido pelo latifúndio e o velho Estado genocida no dia 9 de agosto de 1995. Após muitas tentativas, sem sucesso, de identificar esta companheira, seus companheiros de luta decidiram batizá-la com o nome de uma notável heroína do povo brasileiro, Maria Bonita, que junto de seu esposo, Lampião e outros companheiros, compuseram o Cangaço, outra importante expressão da luta camponesa combativa pela terra.

Durante todo o mês de agosto, publicaremos em nosso blog textos e obras artísticas em homenagem a esta memorável data da luta democrática e revolucionária do povo brasileiro.



Viva Vanessa, Maria Bonita e Dona Alzira, heroínas da Batalha de Corumbiara!

Basta de repressão e roubo das terras pelos latifundiários!

Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

Terra para quem nela trabalha!

Por uma Nova Democracia!


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