13/08/2023

Vanessa: heroína da resistência de Corumbiara

Vanessa dos Santos Lima

Quando a polícia e os jagunços de Antenor Duarte chegaram a Santa Elina atirando, quem primeiro caiu foi uma criança, uma menina que se chamava Vanessa. Ela se encontrava na linha de frente da resistência.

Vanessa tinha sete anos. Hoje estaria com 12 anos. Não fossem as balas assassinas, Vanessa estaria na escola, cursando a 6ª série, vivendo feliz com seus pais em um sítio já formado que produz o sustento da família.

A polícia e os jagunços mataram Vanessa. Na verdade, mataram mais uma Vanessa. Quantas o latifúndio já matou? Quantas Vanessas o Estado da burguesia e dos latifundiários já assassinou de fome, de frio e de bala?

Por que eles matam as Vanessas?

Porque eles acham as Vanessas perigosas.

Eles mesmos dizem que as crianças são o futuro do Brasil. Mas, quando eles falam isso, pensam apenas nos filhos dos burgueses e dos latifundiários. Ao tirarem o futuro de Vanessa, eles pretendiam tirar o futuro dos camponeses e proletários do Brasil. Mas cometeram outro grave engano.

Vanessa caiu na terra e outras Vanessas nasceram. Vanessas crianças, mulheres. Elas não são o futuro, mas o presente. O presente que, com luta e determinação, constrói o futuro deste Brasil sem latifúndio, sem opressão, sem Raupp e sem Antenor Duarte. Um Brasil com muitas Vanessas, produzindo na sua terra, felizes e vitoriosas.

Vanessa está em mim.

Vanessa está em todas as crianças camponesas.

Vanessa está nas mulheres lutadoras.

Com o V de Vanessa escreveremos Vingança e a Vitória final que está para chegar. Assim deve ser.

(texto lido durante ato político e manifestação celebrando o dia 9/agosto de 2000, em Corumbiara)




A flor de Corumbiara

José Inácio



Dorme filhinha do meu coração

Dorme Vanessa que a cuca

vem pegar...


Não era dia era noite escura,

calada a noite assusta a madrugada.

E todos dormem. Vanessa dorme.

E todos sonham o mesmo sonho,

um novo dia, a terra, o lar.


Não há mais silêncio e

nem piar de aves.

Explodiu a noite em tiros,

bombas e botas a pisotear.


Gritos de dor, pavor e morte.

Foge Vanessa que a cuca

vai pegar...

Não é mais sonho, é real.

Levantar, gritar, correr, lutar.

O amanhecer em sangue,

a acordar a noite

escurecendo o dia.


Só sete anos, sete primaveras,

de teu doce sangue semeado

na terra em lágrimas regada,

mil flores a nascer e espalhar

teu pequenino sonho,

grande luminoso que amanhã será.


Não é mais sonho, é realidade

de novos sonhos pra se buscar.

Com seu sorriso todos esperando,

cantando o canto que já vem vindo,

com seus dedinhos

fazendo as contas,

do lindo dia que vai chegar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Notícias recentes

11 de janeiro: viva Helenira Resende!

No destaque, Helenira Resende durante congresso da UNE em São Paulo   No último dia 11 de janeiro celebramos, com ardor revolucion...

Mais lidas da semana