Vale Assassina e terrorista
Boletim do MFP - Movimento Feminino Popular. Março/2019.
Há pouco mais de um
mês o Brasil e o mundo assistiram a mais um crime hediondo da empresa
mineradora Vale contra o povo e a nação. Depois de três anos em que o distrito
de Bento Rodrigues em Mariana – MG foi devastado pela Vale, assassinando mais
de 19 pessoas, dessa vez foi o Córrego do Feijão, bairro de Brumadinho – MG.
Mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras, funcionários da Vale, de suas
empreiteiras e moradores do Córrego do Feijão em Brumadinho, tiveram suas vidas
roubadas pela ganância exploratória dessa empresa a serviço dos interesses do
capital financeiro internacional. 182 corpos foram encontrados e identificados.
Além disso, a estas famílias se somam às de 126 desaparecidos que seguem com o
drama de não poderem enterrar seus entes queridos, que foram forçadamente
desaparecidos. A destruição não para por aí. O Rio Paraopeba, um dos principais
afluentes do São Francisco, está devastado, contaminado com a lama de rejeitos
e metais pesados. Centenas, milhares de famílias, pequenos comerciantes,
camponeses, pescadores, indígenas e comunidades quilombolas foram atingidos e
estão condenados às mais diversas dificuldades, pois perderam parentes e
amigos, animais de criação e estimação, casas, empregos e produção.
Pichação contra o crime terrorista da Vale - Belo Horizonte/MG |
A Vale é um dos
principais baluartes da subjugação nacional e expressão do caráter semifeudal e
semicolonial. Semifeudal porque mantém o país como vendedor de commodities e semicolonial porque é base
para a exploração imperialista, hoje principalmente ianque. A atividade
mineradora foi desenvolvida em nossa história pelas oligarquias latifundiárias
e pela grande burguesia (compradora e burocrática) sempre segundo os interesses
do imperialismo como forma de acentuar a dominação e a subjugação do povo
brasileiro. Não é necessária uma grande revisão da nossa história para vermos
que essa atividade, um dos pilares da economia nacional, se desenvolveu de
forma predatória das riquezas minerais nacionais, em prol do enriquecimento de
potências estrangeiras esfacelando e atrasando o país.
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Manifestantes fecham ferrovia contra as ações terrorista da Vale Baixo Guandu/ES 2019 |
O crime hediondo da
Vale em Brumadinho soma-se a outros atos delinquentes dessa empresa em nosso
país que se apresentam como verdadeiras ações terroristas, chantageando,
assassinando e colocando o povo em constante tensão e pânico ante a verdadeiras
bombas de destruição em massa, que são suas barragens de rejeitos. Nos dias que
se seguiram ao rompimento da barragem pudemos presenciar todo o cinismo da
diretoria da Vale e de políticos, dizendo que essa empresa é uma “joia
nacional”, que não se pode “destruir tão promissora empresa”, por causa de um
“acidente”. Estes pensam que somos idiotas. Não foi acidente, foi crime
hediondo e esses diretores devem ser presos. Pudemos também ver como o ocorrido
foi utilizado para se praticar os atos mais descarados pelas “autoridades” do
velho Estado, tal como admitir a presença e circulação em nosso território de
tropas assassinas do exército de Israel. Tal absurdo, sob o pretexto de
solidariedade, não foi mais do que barata jogada de marketing,
na tentativa de limpar suas mãos manchadas do sangue do povo palestino e
tentativa de naturalizar a presença de tropas militares estrangeiras no
território nacional e formar opinião pública favorável à instalação de base
militar ianque no Brasil, descaradamente defendida por Bolsonaro e confabulada
secretamente sua instalação. Também presenciamos toda a desfaçatez e
desrespeito do monopólio de imprensa para com as vítimas em seu sofrimento,
invadindo sua intimidade e manipulando informações. A operação abafa, em curso,
encabeçada pela Vale e aplicada por todo o monopólio de imprensa, busca tirar
do foco o atentado terrorista, dos responsáveis (dirigentes da Vale e
autoridades do Estado) e esconder o descaso e o desprezo às vítimas e toda sua
revolta. Somente a mobilização e ação popular podem fazer justiça!
Não há como qualificar crimes tão horrendos, em
série e premeditados. As barragens de rejeitos e toda a atividade mineradora
predatória são bombas montadas e crimes premeditados contra nosso povo e nação.
Não só o seu rompimento, mas sua existência mesma, são verdadeiros atentado e
ação terroristas contra nosso povo e o meio natural. Os diretores da Vale são
os principais criminosos e os governantes seus cúmplices!
Exigimos a suspensão de todas as atividades de
mineração para o desmonte de todas as barragens de rejeitos no País e sua
proibição definitiva. Desmonte de
todas as barragens e não a meia dúzia como propõe a Vale e em prazos de anos.
Exigimos punição exemplar para a diretoria da Vale, cadeia para estes
planejadores e executores de crimes de lesa-humanidade e de lesa-pátria!
Com dor e revolta expressamos nossa
solidariedade para com o povo e a nação brasileira frente ao crime premeditado
perpetrado pela Vale, em especial com as vítimas diretas atingidas pelo
rompimento da barragem de Brumadinho neste ano e de Mariana em 2015. Também
expressamos nossa revolta e solidariedade àqueles que hoje sofrem diuturnamente
o terror promovido pela Vale e demais mineradoras nas várias regiões do país.
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Protesto em Mariana contra a Vale/BHP Billiton/ Samarco - novembro de 2016 |
Não deixaremos esse crime ser
esquecido! Seguiremos mobilizando, junto a luta de todo o povo atingido, e
organizando comitês de apoio, solidariedade e denúncia. Conclamamos todas as
mulheres de nosso povo a prestar efetiva e ativa solidariedade ao povo de
Brumadinho e regiões atingidas. São centenas de famílias que perderam pais,
mães e filhos. São centenas de crianças órfãs. Defendemos o sagrado direito de
as famílias enterrarem seus entes queridos com dignidade. Ao desenvolver nossa
mobilização desfraldamos a bandeira da nacionalização das riquezas minerais e
sua industrialização, como base da superação da subjugação nacional tendo a
certeza de que tal transformação somente pode ser realizada com a Revolução de
Nova Democracia tão necessária em nosso país.
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