06/09/2023

Frida Kahlo, da tragédia à revolução

 


Frida Kahlo, filha da Revolução Mexicana, como a própria pintora se declarou, foi uma artista popular mexicana que defendeu a cultura de seu país. Afirmou suas raízes indígena e espanhola durante toda a vida em suas atitudes, arte e ações políticas. Enfrentou as tormentas de seu tempo: o imperialismo, a ascensão do fascismo e os efervescentes e brilhantes processos revolucionários socialistas. Foi uma comunista convicta, defensora do marxismo e dos grandes chefes do proletariado internacional Lenin, Stalin e Mao Tsetung. Travou várias batalhas contra a subjugação dos povos e a condição da opressão feminina, rompeu vários grilhões para se tornar uma pintora e revolucionária no início do século XX. Foi uma ardorosa lutadora contra os preconceitos de uma sociedade capitalista e machista. Enfrentou com otimismo os graves problemas de saúde que a afligiram durante toda a vida, servindo ao povo e a Revolução.

Magdalena Carmen Frida Kahlo e Calderón nasceu no dia 6 de julho de 1907 em Coyoacán, cidade do México. Filha de Guillermo Kahlo, um fotógrafo de origem alemã e Matilde Gonzalez e Calderón, uma mulher de descendência indígena e espanhola. Seu nascimento foi em um momento de efervescência da luta de classes. A tomada do poder por mais de 30 mil camponeses armados na capital mexicana em 1914, sob direção de Emiliano Zapata e Pancho Villa, sob a consigna Terra e liberdade”, foi um fato que estremeceu não só o México mas todo o mundo. A rebelião camponesa pela democratização da propriedade da terra, expressou um dos processos revolucionários mais importantes da América Latina. Foi uma demonstração do papel dos camponeses nas revoluções dos países semicoloniais e semifeudais e dos limites da burguesia nacional no continente, que nessa rebelião, traiu os interesses dos camponeses cedendo aos ditames do imperialismo ianque, que já usurpava desde meados do século XIX metade do território mexicano e no restante do país, exerceria em aliança com os latifundiários e a grande burguesia, ingerência sobre a produção de agricola.

Frida dizia às pessoas que seu nascimento foi em 1910, ano que iniciou a Revolução Mexicana. Apesar de não ter nascido naquele ano, tinha uma ligação profunda com esse grande acontecimento. Recordou em seu diário que suas primeiras lembranças de infância foram as batalhas camponesas dirigidos por Zapata e Pancho Villa:Recordo que eu tinha 4 anos quando aconteceu a “Decena trágica1e presenciei com meus olhos a luta camponesa de Zapata contra os carrancistas2.” Relatou a atitude de sua mãe que abriu as portas de sua casa para os revolucionários, deixou os zapatistas entrarem para cuidar dos famintos e feridos. Frida afirmou em seu diário: a emoção clara e precisa que eu guardo da ‘Revolução mexicana’ foi a base para que aos 13 anos eu ingressasse nas juventudes comunistas.”

Aos 6 anos, Frida Kahlo é diagnosticada com poliomielite. Na época os médicos lhe recomendaram a prática esportiva para fortalecer as pernas e ela fez natação, futebol e boxe. Apesar disso, ficou com a perna deficiente. Foi o primeiro problema de saúde do qual teve que enfrentar superando limitações e preconceitos que lhe exigiram uma atitude ativa e de combate desde a infância.

Em 1922, com 14 anos, ao terminar o ensino básico e com o desejo de fazer medicina, foi uma das primeiras jovens a se integrar na Escola Nacional Preparatória. A repercussão da Grande Revolução Socialista de Outubro em 1917, inaugurou a primeira ditadura do proletariado, conquistada pelos operários e camponeses russos que tomaram o poder sob a magistral direção de Lenin, tocou os corações da juventude em todo o mundo, e no México não foi diferente. Na escola preparatória, Frida se integrou à Los Cachuchas1, um grupo de jovens socialistas que defendiam a autêntica cultura e tradições do povo mexicano. Eles promoviam discussões científicas, políticas, artísticas e realizavam atos políticos de todo tipo contra os professores conservadores e reacionários da escola. Mais tarde seus membros vieram a ser as principais lideranças da esquerda mexicana. Nesse período ela se tornou uma ativista política e imergiu-se no ambiente de efervescência da luta de classes no mundo e no México, ainda sob o impacto da rebelião camponesa liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa. Zapata com suas palavras demonstrou que havia uma forte ligação da Revolução Mexicana com a Revolução de Outubro em uma carta ao General Jenaro Amescua de 1918:

"Muito ganharíamos, muito ganharia a humanidade e a justiça, se todos os povos da América e todas as nações da velha Europa compreendessem que a causa do México Revolucionário e a causa da Rússia são e representam a causa da humanidade, o interesse supremo de todos os povos oprimidos. (…) Aqui como lá, existem grandes senhores, desumanos, gananciosos e cruéis que vêm explorando de pais a filhos até a tortura as grandes massas camponesas. E aqui como lá os homens escravizados, os homens de consciência adormecida, começam a despertar, a sacudir-se, a agitar-se, a castigar. (…) Não é de se estranhar, pelo mesmo, que o proletariado mundial aplauda e admire a Revolução Russa, do mesmo modo que outorgará toda a sua adesão, sua simpatia e seu apoio a esta Revolução Mexicana, ao dar-se cabal conta de seus fins" (Carta de Emiliano Zapata ao General Jenaro1 Amescua, Tlaltizapán, Morelos, em 14 de fevereiro de 1918).

Nesse ambiente de agitação política e cultural surgiu o muralismo mexicano2, fundado nos valores nacionais do período pré-colombiano e da arte popular, que impulsionou a criação artística da época, e de onde Frida obteve influência para desenvolver sua obra. Retratou esse período da juventude em uma pintura intitulada “Los cachuchas, de 1927 e declarou em seu diário que foi a época mais feliz de sua vida. 

Los cachuchas, de 1927, de Frida Khalo

Em 17 de outubro de 1925, aos 18 anos, Frida sofreu um grave acidente que abalou sua saúde pelo resto da vida. Ela estava em um ônibus que colidiu com um bonde. O acidente causou várias mortes e deixou várias pessoas feridas. Frida sofreu 11 fraturas em sua perna direita, teve um pé esmagado e deslocado, lesões na região pélvica em que uma das barras de apoio do ônibus perfurou seu ventre, além de fraturas na coluna cervical. Muitos acreditaram que não resistiria aos ferimentos.

Frida Khalo pintando enquanto estava acamada

Depois do acidente, ficou acamada durante meses. Sua mãe colocou um espelho no teto e vários nas paredes do quarto para que a filha pudesse observar a sua própria imagem. Com a caixa de pintura a óleo de seu pai, que também era pintor, começou a pintar seus autorretratos. Sua mãe encomendou um cavalete adaptado para que ela pudesse executar as pinturas. Frida já tinha algumas noções da arte por acompanhar o pai em seus trabalhos de fotografia, quem a ensinou um pouco do ofício e assistiu aulas de desenho com o grafista e publicitário Fernando Fernandez quando trabalhou em seu estúdio. Nesse período estudou a história da arte e executou suas primeiras obras.

Em 1928 Frida, filiou-se ao Partido Comunista do México e atuou ativamente nas contendas da luta de classes luta lado a lado de grandes comunistas. Conheceu Tina Modotti, comunista italiana que estava exilada no país, posteriormente, um quadro da Internacional Comunista que cumpriu importante papel internacionalista colaborando com a construção do Socorro Vermelho Internacional (SVI), organização de apoio aos perseguidos políticos na primeira metade do século XX. No México, Modotti ajudou a fundar o partido comunista, atuou com o SVI, desenvolveu trabalho político revolucionário entre artistas e intelectuais. Juntas, ela e Frida criaram a Liga de jovens comunistas, através de Tina conheceu várias personalidades políticas, artísticas e refugiados políticos. O pintor mexicano Xavier Guerrero, o cubano Antonio Mella, companheiro de Modotti, a escritora Anita Brenner, o fotógrafo Edward Weston. Kahlo mergulhou profundamente no ativismo político nesse período, tornando-se ativa militante. Nesses círculos reencontrou Diego Rivera, que pintou Frida e Tina em um Mural do Ministério de Educação titulado Insurreição. Nesse mural as duas aparecem como militantes que entregam armas aos operários e camponeses.

Foto tirada por Tina Modotti, no dia 1º de maio de 1969

Rivera e Kahlo casaram-se em 21 de agosto de 1929 e juntos viveram 4 anos nos EUA, onde Diego recebeu a encomenda de pintar vários murais. Foram anos bastante difíceis para a Frida, ali sofreu um de seus abortos e um agravamento de seus problemas de saúde tendo que amputar dedos do pé. Ela não suportava viver naquele país imperialista e não se adaptou ao estilo de vida norte-americano. Fez várias declarações com críticas aos ianques e a seu sistema de exploração e opressão. Em uma delas, definiu o lugar como “gringolândia”. Escreve em novembro de 1931 para seu médico, o Dr. Eloesser: ...teria visto milhares de pessoas na mais terrível miséria, sem comer e sem ter onde dormir, o que mais tem me impressionado aqui, é espantoso, ver os ricos fazendo de dia e de noite festas, enquanto morrem de fome milhares e milhares de pessoas.... Registrou em dois de seus quadros o sentimento que tinha sobre os ianques e sua decadência, um deles é “Autorretrato de pé na fronteira do México com os Estados Unidos”, de 1932, e o outro, “Ali penduro meu vestido”, de 1933. Deixou ainda uma declaração sobre as “lições” que teria aprendido no país quando afirmou: Cada vez estou mais convencida de que a única maneira de ser um homem, quero dizer um ser humano e não um animal, é sendo comunista. Esses anos foram importantes para ela aprofundar ainda mais o sentimento revolucionário e desejo de voltar ao México para expressar sua indignação contra as injustiças e desigualdades do mundo, pintar, viver e lutar com seu povo. Apesar da contrariedade de viver nos EUA, realizou vários de seus trabalhos e se consolidou como pintora.

Ali penduro meu vestido, de 1933, Frida Khalo

Autorretrato de pé na fronteira do México com os Estados Unidos, de 1932, de Frida Khalo
 

O mundo vivia um momento de grande tormenta da luta de classes em que o imperialismo avançava em uma desabalada corrida pela partilha do mundo, preparando nova guerra mundial, criando uma grave ameaça de iminente agressão à URSS e a ditadura do proletariado. Com a tentativa de frear o crescimento da Revolução proletária mundial que se alastrou em todos os cantos do mundo, o imperialismo através de agressões a várias nações, com a ascensão do fascismo criou uma situação desafiadora para os povos oprimidos e a Revolução proletária mundial. Em vários países uma legião de massas armadas se levantaram nas lutas de libertação nacional, através da guerra de resistência para combater o fascismo, pela defesa da URSS, da ditadura do proletariado e da Revolução Proletária Mundial. Batalhas travadas e impulsionadas sob a direção magistral de Stalin com a bandeira da Frente Antifascista Mundial impulsionada pelo VII Congresso da IC (Comintern), principal contenda de luta de duas linhas no movimento comunista internacional, no qual Stalin deslindava posições oportunistas disfarçadas de esquerda, no fundo, pequeno-burguesas, que negavam a necessidade de preparação dos partidos comunistas e o papel das massas para a revolução, como as posições de Trotsky contra a política de frente única e a linha do VII congresso da IC.

Frente a esses graves acontecimentos da eminente guerra mundial e ascensão do fascismo, Frida impulsionou seu ímpeto revolucionário e defendeu a resistência heroica dos operários e camponeses espanhóis contra o fascista Franco, na Guerra Civil espanhola. Participou da fundação do comitê de apoio aos republicanos na cidade do México e articulou com Diego a ida de quatrocentos refugiados para o país. Em 1937, Trotsky depois de ser expulso da URSS e outros países, declarando sofrer perseguição política por Stalin, se exilou no México. Essa declaração era apenas um pretexto para dissimular o rechaço e rejeição de suas posições oportunistas pelo partido de Lenin, dirigido por Stalin à época. A essa altura Trotsky já era conhecido e combatido por suas falsificações do marxismo-leninismo e por toda sabotagem que fazia contra a ditadura do proletariado como um verdadeiro agente da burguesia no seio da primeira nação socialista. Era um período de intensa luta de duas linhas no Movimento Comunista Internacional e a posição de Trotsky influenciava setores dos partidos comunistas no mundo inteiro, inclusive no México. Pela influência de Diego, Frida recebeu em sua casa Trotsky e sua esposa Natalie Sedova, onde viveram por dois anos. Em seguida moraram em uma casa próximo à casa de Frida e, em 1940, Trotsky sofreu um atentado escapando com vida. Diego, considerado um dos principais suspeitos, passou a viver clandestinamente, e depois fugiu para os EUA. Três meses depois, Trotsky foi executado por Ramón Mercader. Diego estava fora de suspeita por estar em São Francisco (EUA). Na época, por ter uma proximidade com Ramón, Frida e a irmã foram presas por dois dias, suspeitas injustamente pela execução de Trotsky. Diego, apesar de se declarar comunista e marxista, na verdade, era um anarquista, tinha várias limitações na interpretação e assimilação da ideologia do proletariado, fruto das próprias limitações do Partido Comunista do México que ainda traçava seus primeiros passos no caminho da revolução. Frida anos depois com uma maior compreensão ideológica no geral e daquela luta de duas linhas que ocorria no MCI, em particular, expressou sua posição sobre esses acontecimentos em seu diárioCompreendo claramente a dialética materialista de Marx, Engels, Lenin, Stalin e Mao. Os amo como cada novos pilares de um novo mundo comunista. E já compreendi o erro de Trotsky desde que chegou ao México. Eu jamais fui trotskista. Porém nesta época 1940, eu era somente aliada de Diego, (pessoalmente) (erro político)...”

Ao final da década de 30, Frida teve seu trabalho reconhecido no México e no mundo. Realizou exposições em várias galerias de arte. Durante a década de 1940, participou de exposições no México e nos Estados Unidos. Em 1942, tornou-se membro fundadora do Seminário de Cultura Mexicana, um evento que reuniu 25 artistas e intelectuais que defendiam a cultura nacional. Em 1943 trabalhou como professora de artes na Escola Nacional de Pintura, Escultura e Gravura "A Esmeralda". A escola era mantida pelo Ministério da Educação Pública do México destinada aos alunos operários e camponeses. Kahlo ensinou a valorizar a cultura mexicana, as origens indígenas, a vida do povo nos bairros operários, nas fábricas, vilas e favelas. Em setembro de 1946, recebeu um prêmio pela obra “Moisés” (1945) no Palácio de Belas Artes do México.

Com o glorioso triunfo sobre o nazifascismo e a II Guerra Mundial uma grandiosa epopeia da humanidade magistralmente dirigidas por Stalin, no qual combateram milhões de massas armadas em todo mundo derrotando a guerra imperialista, conformando várias nações socialistas, como a vitoriosa Revolução Chinesa dirigida pelo timoneiro Mao Tsetung, foram batalhas que colocaram a condição da Revolução Proletária Mundial em outro patamar. Esses fatos elevaram o ânimo de todos os democratas, revolucionários e comunistas do mundo. Frida celebrou esse momento afirmando no diário a firme confiança no caminho da revolução: Trigésimo aniversário da Revolução Bolchevique (...) Árvore da esperança se mantém firme!”. Sentiu a necessidade de colocar a sua arte de uma forma mais profunda a serviço da revolução dando-lhe um caráter mais político e ideológico.

Na década de 50 os problemas de saúde de Kahlo se agravaram, realizou 7 cirurgias na coluna e uma amputação da metade da perna direita. Ao enfrentar o sofrimento das dores e das privações, afirmou a ideologia e a necessidade cada vez maior de servir a revolução em seu diário:devo lutar com todas as minhas forças para o pouco de positivo que minha saúde me deixe fazer seja em direção a Revolução. Nessa época fez uma pintura em defesa do marxismo como a fonte de cura para os doentes, denominadaO marxismo dará saúde aos enfermos, de 1954. Manifestou a necessidade de confiar em um ideal político, em vista da ineficácia da medicina moderna” para mostrar a incapacidade do imperialismo garantir as condições de vida das massas. Com essa perspectiva, afirmou a necessidade de colocar sua pintura a serviço do povo e do Partido Comunista do México.

O marxismo dará saúde aos enfermos, de 1954, quadro de Frida Khalo

Em 1953, Lola Bravo, importante fotógrafa mexicana, organizou junto a Rivera uma exposição individual das pinturas da artista em sua galeria de arte. Ela considerou importante que Frida celebrasse sua arte junto ao seu povo e sabia que, devido às enfermidades, ela teria pouco tempo de vida. Acamada, por ter feito sete cirurgias na coluna, Frida foi rigorosamente proibida pelos médicos de comparecer à sua exposição para não comprometer a recuperação pós-cirúrgica. Audaciosamente, Frida chegou à exposição em cima da própria cama. Assim celebrou altivamente com os visitantes e amigos um dos momentos mais importantes de sua vida, o reconhecimento de sua obra como parte da cultura popular mexicana.

Kahlo jamais abandonou seu ímpeto revolucionário e de defesa do povo. Em 2 de julho de 1954, com o golpe militar na Guatemala por Castillo Armas, que acabava de assumir o governo apoiado pela CIA, a artista, em tratamento de uma pneumonia e em cadeira de rodas, participou de uma manifestação na Praça de Santo Domingo, praça central da cidade do México, onze dias antes de seu falecimento. Junto a milhares de pessoas com punho em riste entoou as palavras de ordem: Fora, Gringos assassinos!, em mais uma expressão de internacionalismo proletário.

 

Julho de 1954, Frida participa de manifestação contra a intervenção da CIA na Guatemala

 

A tão famosa frase de Frida ao ter a perna direita amputada,Para que quero pés se tenho asas para voar, deixa claro que para ela, não existiam limites quando se tratava de lutar pela sua vida e do povo. Foi o que fez até seus últimos dias, mesmo quando pintou quadros representando a natureza-morta, registrou as consignas comunistas e homenagens aos chefes da revolução Marx, Engels, Stalin e Mao Tsetung, como afirmação de que sua arte deveria estar a serviço de sua principal bandeira: a revolução, “A única e verdadeira razão de viver.

No dia 13 de julho de 1954, 6 dias depois de celebrar seu 47º aniversário, Kahlo faleceu. Em seu funeral, milhares de pessoas se despediram com profunda emoção, em seu caixão estava estendida a bandeira vermelha com a foice e o martelo. Milhares de massas entoaram, em homenagem a esta comunista, o hino do proletariado internacional.

A Casa Azul, onde Frida Kahlo nasceu e viveu a maior parte da vida, tornou-se o Museu Frida Kahlo, em 1958. O museu reúne algumas obras da pintora, objetos pessoais e preserva o diário que escreveu nos últimos 10 anos de vida, onde ela expressou seus mais profundos sentimentos sobre a vida, o povo, a arte e a revolução, deixando-nos mais do que seu legado artístico, o seu exemplo de mulher combatente e comunista.

Autorretrato com Stalin, de Frida Khalo
 

Rendemos as nossas mais calorosas e sinceras homenagens proletárias à Frida Kahlo, heroína do proletariado internacional. Rechaçamos toda a falsificação que o feminismo, trotskismo e revisionismo fazem de sua história e de sua posição de classe, reduzindo-a à marca de boutique, distorcendo sua condição de comunista e seu verdadeiro posicionamento de classe, apresentando-a como uma liberal feminista e não uma mulher de partido aderida ao que havia de mais avançado em seu tempo, tomando posição nas lutas mais encarniçadas como a luta entre leninismo e trotskismo, saindo na defesa dos grandes camaradas Stalin e presidente Mao Tsetung. Toda a fortaleza e firmeza de caráter de Frida Kahlo, capaz de enfrentar com otimismo revolucionário todas as tragédias pelas quais passou, é derivada de sua posição ideológica de fé na revolução, no partido e nas massas populares. Doou sua vida e colocou sua arte a serviço da revolução, num grande exemplo intrépido de combatente da classe.

A revolução é a harmonia da forma e da cor, e tudo se encontra e se move sob a mesma lei: a vida. Ninguém está à parte de ninguém. Ninguém luta por si mesmo. Tudo é tudo e um.

A angústia e a dor, o prazer e a morte nada mais são do que um processo para existir. A luta revolucionária, nesse processo, é uma porta aberta para a inteligência”.

(Extratos do diário de Frida Kahlo, de 1947).

  

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Notas:
1 Decena Trágica: Foi o movimento armado que ocorreu entre 9 a 18 de fevereiro de 1913 para expulsar Francisco I. Madero da presidência do México.

2 Carrancistas: São os seguidores de Venustiano Carranza (1819 – 1820) um burguês que participou da Revolução Mexicana. Com a derrubada do presidente Victoriano Huerta, assumiu a presidência e traiu os interesses dos camponeses e revolucionários liderados por Emiliano Zapata e Pancho Villa. Carranza é reconhecido e tutelado pelos ianques em 1916.

3 Cachucha é uma referência aos bonés de pano que os integrantes usavam como forma de subverter o código de vestimenta ultraformal da instituição.

4 Jenaro Amescua: militar mexicano que participou da Revolução mexicana.

5 Muralismo mexicano é um movimento artístico e cultural surgido após a Revolução mexicana, fundado pelos pintores Diego Rivera, José Clemente Orozco, David Alfaro Siqueiros. Conhecido como pintura mural ou arte mural, o muralismo propicia uma relação de proximidade com o público. Isso acontece na medida em que suas obras são realizadas e exibidas nas paredes e muros nas ruas com temas sociais e históricos.


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