12/06/2023

Atentados nas escolas: o imperialismo se decompõe e expele todo seu reacionarismo

Atualizada em 30 de maio de 2023

No dia 5 de abril o Brasil viu atônito as notícias dos monopólios de comunicação sobre um atentado em uma creche em Blumenau (Santa Catarina), onde 4 crianças foram assassinadas e outras 5 ficaram feridas a golpes de machadinha por um homem de 25 anos. O atentado ocorreu menos de um mês após um adolescente de 13 anos ter matado a professora e ferido mais 5 pessoas a golpes de faca em uma escola estadual em São Paulo. Há 12 anos um jovem de 23 anos armado com revólveres invadiu a escola onde havia estudado no bairro de Realengo (Rio de Janeiro) e matou doze alunos, suicidando-se depois. Outros episódios que ficaram bastante conhecidos foram os de Suzano (SP) em 2019 e o de Aracruz (ES) no ano passado. Segundo mapeamento da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) houve 22 atentados em escolas desde 2002, morrendo 30 pessoas ao todo, sendo 23 estudantes, 5 professores e 2 funcionários de escolas. Do total de casos, 13 (mais da metade) ocorreram apenas nos últimos dois anos.

Nos Estados Unidos, onde atentados como esse ocorrem com mais frequência, um levantamento realizado pelo jornal Washington Post mapeou 377 episódios desde 1999, sendo 88 somente nos anos de 2021 e 2022.

Apesar do terror causado por tais atentados devemos mobilizar nossa razão para pensar sobre o que está acontecendo em nossa sociedade para que horrores como esse se tornem frequentes, como são há muito nos EUA. Se até mesmo entre a delinquência há normas de conduta, sendo inaceitável a violação de crianças e mulheres, então o que faz um sujeito entrar em uma escola e matar a golpes de machadinha crianças entre 4 e 7 anos? O impacto é tamanho que alguns dizem “É o apocalipse”, “É o fim dos tempos”, outros afirmam que a sociedade está doente (e de fato está). Mas é preciso ir mais ao fundo e ver as origens, as causas desses males, não só para que possamos compreendê-las, mas principalmente para que possamos agir conscientemente sobre elas.

Especialistas do IdEA – Instituto de Estudos Avançados/Unicamp estão estudando esse fenômeno e afirmam algumas características relacionadas ao mesmo: vivências negativas em escolas, racismo, misoginia, interação desses jovens em fóruns virtuais, transtornos mentais, bullying, etc. Ora, o que seriam todos esses sintomas senão a expressão clara de como o sistema imperialista se afunda na sua decomposição, manifesta no País como crise do capitalismo burocrático, cujas tentativas de sair dela e se impulsionar, têm cada dia menos solução, agudizando todas as contradições na sociedade e agravando todas as mazelas sociais? Crise cuja base é econômica, e se reflete como social, política e também moral. Ou por acaso é só esse fenômeno social que tem agravado? Também não tem se agravado a delinquência e a criminalidade? Por acaso as pessoas não estão ficando mais doentes, não tem aumentado exponencialmente a quantidade de pessoas com doença mental e/ou de fundo emocional? Não tem aumentado a violência contra a mulher e outras formas de intolerância? Não tem aumentado e generalizado todo tipo de violência na sociedade, principalmente a violência desse velho Estado genocida e suas criminosas forças repressivas contra o povo, os camponeses em luta pela terra, os indígenas e quilombolas por seus legítimos territórios e os jovens pobres e negros das favelas e periferias numa anunciada e macabra ciranda da morte?

A juventude é um dos setores da sociedade mais afetados por essa crise. Ao mesmo tempo que enfrenta uma situação duríssima de ausência de direitos e perspectivas de futuro, se encontra sobre sistemático bombardeio e muitos já fortemente influenciados por ideologias que cultuam o individualismo ao extremo, o niilismo, hedonismo e a fuga das drogas. Tal como o pós-modernismo difundidos nas universidades e escolas, bem como amplamente publicitadas pelos meios massivos de comunicação monopolizados, com Rede Globo à cabeça, e as “redes sociais”. Ideologias obscurantistas opostas ao progresso social da humanidade como as redes de grupos neonazistas. Corja que tem usado ativamente as “redes sociais” para difundir variados discursos preconceituosos e de incitação ao ódio contra o povo, os pobres, os negros, os indígenas, os nordestinos e à comunidade LGTB, para mobilizar seus delinquentes como lobos solitários a promoverem atentados nas escolas, como já têm apontado investigações policiais em curso.

O imperialismo, etapa superior e última do capitalismo, é uma tendência para a reação e violência em toda linha, a militarização da sociedade em todas suas esferas e a reacionarização do Estado por excelência. Em seus estertores, esse sistema vil arrasta toda a sociedade para o terreno da guerra. E a violência reacionária é praticada de forma crescente e sistemática contra as massas populares, particularmente as dos países dominados pelo imperialismo, como é o nosso, pelas políticas de controle social, de contenção de protestos e contrainsurgentes.

Um sistema baseado na exploração do homem pelo homem, com enorme concentração da riqueza nas mãos de um punhado de parasitas e uma imensa maioria lutando para sobreviver, da qual, parte crescente, sequer tem o que comer ao dia, não pode mais que degenerar parte da sociedade na perda de qualquer referência de empatia humana. Uma ordem caduca, parasitária e em decomposição que pisoteia os direitos mais elementares dos trabalhadores e trabalhadoras e restringe as liberdades democráticas, afundado numa crise geral econômica, social, política, cultural, de total descrédito e desmoralização de suas instituições. Insistimos, é um sistema baseado na lei do lucro máximo, onde a mercadoria é endeusada, enquanto as pessoas são tratadas como coisas descartáveis. Um sistema de alienação e embrutecimento das massas, de uma cultura apodrecida, de culto ao indivíduo e do individualismo como máxima social.

É evidente que as causas de tais atentados não podem ser tomadas nos indivíduos que os praticam por si só, pois seria tratar acontecimentos tão graves como fatos isolados, o que está longe de ser o caso. Trata-se de fatos cujo contexto tem sua particularidade, passam a ocorrer a partir de um determinado momento em que se dá a caracterização de nossa sociedade cujo espectro de fundo é a situação mundial de crise e afundamento exposta acima. Esses fatos não só abalaram a sociedade brasileira, eles geraram um ambiente e atmosfera de grande temor de que seguirão ocorrendo. E a pergunta que todos e todas, que se sentem nesta atmosfera, se fazem, é porque atos tão bárbaros estão ocorrendo e que solução dar a eles. Primeiro sobre sua compreensão, afora as respostas apocalípticas, que provocam em muitos, é preciso encarar que estes são parte da realidade e produto do sistema econômico-socio-cultural imperante, em estado de putrefação.

Não existe uma natureza humana boa nem má, o ser humano é um ser social, produto do meio em que vive e de sua ação nele, como muito bem o compreendeu e definiu o grande Karl Marx. Na realidade atual e presente do mundo é um reducionismo estreito atribuir todas essas taras sociais apenas a indivíduos que as cometem. Isso é como julgar um fato apenas pelo elemento mais evidente nele, é concluir o diagnóstico de uma doença apenas pelos sintomas sem investigar sua etiologia, ficando apenas na superfície ou aparência dos fenômenos. Segundo sobre seu tratamento, a compreensão errônea do problema leva a igual solução e, portanto, só em aparência, o problema seguirá se manifestando, com consequências mais terríveis. Nesse tratamento vê como solução o que, em nossas sociedades, está previsto em lei, e em geral leis correspondentes à posição das classes dominantes exploradoras e opressoras, aplicando-se máximo castigo aos seus autores diretos, dentre os quais, alguns arrematam a tragédia tirando a própria vida. Tais compreensão e solução correspondem ao sentimento de justiça que, em geral, as pessoas reagem exclusivamente de modo emocional ante a acontecimentos do tipo. E, em particular, a reação dos defensores dessa velha ordem aplicam o rigor da lei, com que os monopólios de imprensa e seus programas policialescos se servem para mover cruzadas em prol de leis mais draconianas, como da redução da idade penal e adoção da pena de morte. Isso, quando não, as forças repressivas “fazem justiça” pelos expedientes de seu “auto de resistência” ou pelas mãos dos seus esquadrões da morte. Há ainda o ceticismo e niilismo social, de que afinal de contas não há nada a fazer. Assim se apresentam as “soluções” quando a natureza complexa desse problema exige solução complexa.

Como solução preventiva possível a tais atos, muitos apontam a militarização das escolas. É irrefutável a ineficácia dessas “medidas de segurança”, como monitoramento por câmeras e a presença policial, a despeito da falsa sensação de segurança que essas ações podem dar a curto prazo. Também devemos questionar se o aumento do número de pessoas encarceradas no país (próximo a 1 milhão) tem feito diminuir a criminalidade, sem falar da matança das execuções extrajudiciais, de não poucos casos de “suspeitos” praticada pelas polícias. Absolutamente, não! Além do mais, o que o velho Estado e os reacionários de plantão fazem é se aproveitar dessa situação de extremo sofrimento das famílias e da comunidade escolar para fazer avançar sua política de controle e repressão sobre os estudantes e professores em luta nas escolas e universidades por todo o país, os cercando com vigilância, o que inevitavelmente interfere na liberdade de cátedra dos professores e na liberdade de organização e manifestação de estudantes, professores e demais trabalhadores do ensino.

Os governos estão abrindo uma campanha de “educação” nas escolas para prevenir esse tipo de ataque, colocando policiais, inclusive do BOPE, para dar palestras instruindo alunos, professores e funcionários. Seria cômico se não fosse trágico! Desde quando a polícia representa a segurança para o povo pobre, imensa maioria dessa triste Nação? Pelo contrário, quando a polícia entra na favela as crianças sabem que é sinônimo de morte em que todos e cada um pode tê-la sobre si. Que moral tem essa polícia assassina de pobres para vir em nossas escolas nos ensinar sobre sobreviver? A própria comunidade escolar deve buscar se instruir de forma a prevenir esses ataques, sem esse tipo de intervenção do velho Estado. Não podemos aceitar a presença dessa polícia de mãos cheias de sangue, de voz macabra e olhar de caçadores de gente pobre e preta em nossas escolas!

Quanto mais mobilizados, politizados e organizados estiverem os próprios estudantes, professores e demais trabalhadores do ensino e pais, todos poderão atuar de forma ativa na solução da infinidade de problemas que afetam a vida das massas e inclusive a prevenção desses ataques horrendos. Pois só a democratização ampla das escolas e universidades, rompendo suas estruturas burocráticas e criando a Assembleia Popular da comunidade de ensino, de pais e organizações culturais populares das áreas circundantes das unidades escolares (no caso da universidade instituir, além do mais, o co-governo estudantil), onde todos possam debater e dar soluções aos problemas que os afetam, inclusive os de sua segurança ali e na região que as crianças e jovens estudam e vivem. Desta maneira poderemos defender os nossos direitos contra os ataques do velho Estado, tratar os problemas de forma justa e democrática e, assim, combater práticas de discriminação de forma eficaz e resolver todos os tipos de contradição no seio do povo e no ambiente escolar. Assim como exigir melhores condições para as escolas do ensino público, como equipá-las devidamente quanto a profissionais e equipamentos.

Mas, de tudo isso devemos ter a firme compreensão de que só poderemos alcançar soluções definitivas, que ponham fim a todas as mazelas que nos infelicitam, extirpando as suas causas profundas. Isto é, que somente com a destruição completa dessa velha ordem putrefata – o sistema imperialista e seus regimes lacaios nos países como o nosso, a semifeudalidade e o capitalismo burocrático (latifúndio e grande burguesia local). Só a Revolução pode fazer a grande transformação que o Brasil precisa! A Revolução de Nova Democracia ininterrupta ao socialismo, o governo dos operários, camponeses e pequena burguesia, que estabeleça uma nova economia, uma nova política e nova cultura, o Brasil Novo.

É nessas condições que se desenvolve a luta de classes em nossa época, no mundo e em nosso País, na qual também travamos duro embate ideológico sobre a concepção de mundo, disputando a juventude e o conjunto das massas populares quanto a saída para tal crise. Nela devemos levantar alto as bandeiras da revolução proletária mundial: revolução de nova democracia ininterrupta ao socialismo na imensa maioria dos países do mundo e revolução socialista nos países imperialistas, bem como as revoluções culturais e a meta final do comunismo, da sociedade sem classes, do progresso geral e permanente, sociedade da harmonia e da integral consideração das e pelas pessoas como coletividade humana.* Demonstrando incansavelmente que todas as mazelas sociais que vivemos têm suas causas e são produto do sistema imperialista e a reação mundial, e que a libertação e emancipação humana, meta e missão do proletariado internacional, é o futuro e para o que, de nossa parte, lutamos para pôr abaixo essa velha ordem de exploração e opressão para construir o Mundo Novo.


Abaixo a política de militarização e repressão nas escolas e universidades!

Pela democratização das universidades e escolas: Assembleia da comunidade escolar, de pais e organizações culturais populares de suas áreas circundantes!

Por uma nova economia, nova política, nova cultura, nova educação e nova moral! Por um Brasil novo!

 

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*Marx disse: ou socialismo ou barbárie. O que estamos vivendo senão a barbárie? Só o socialismo pode salvar a humanidade desses horrotes, libertando as amplas massas de séculos de escravidão, opressão, obscurantismo, sofrimento, ressentimentos, de tudo que é ruim e alimenta negativamente o espírito humano.

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