Telma Regina Cordeiro Correa nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 23 de julho de 1947. Telma era casada com Elmo Corrêa e cunhada de Maria Célia Corrêa, igualmente desaparecidos no Araguaia. Foi estudante de Geografia em Niterói, na Universidade Federal Fluminense, de onde foi expulsa em 1968 pelo Decreto-Lei 477, devido a sua militância nas atividades do Movimento Estudantil. Filha de um funcionário da previdência, Luiz Durval Cordeiro, e de uma auxiliar de enfermagem, Celeste de Almeida Cordeiro, Telma morava em Realengo, periferia carioca (MERLINO; OJEDA, 2010).
Militante do PCdoB, foi transferida para a região do Araguaia em 1971, junto com o marido, indo morar nas margens do rio Gameleira. Ali, era conhecida como Lia e seu marido como Lourival. Integraram o Destacamento B das Forças Guerrilheiras do Araguaia. Segundo depoimentos colhidos junto à caravana de familiares na região, em 1981, pelo advogado paraense e representante da OAB, Paulo Fontelles, Telma teria sido presa em São Geraldo do Araguaia (PA) e entregue a José Olímpio, engenheiro do DNER que trabalhava para o Exército. Passou a noite amarrada no barco desse funcionário, que a entregou aos militares em Xambioá.
José Ferreira Sobrinho, o Zé Veinho, lavrador de idade avançada declarou aos familiares: “Ela dormiu no barraco do Zé Olímpio, que era uma pessoa deles, do Exército. Ela estava sozinha. Disse que estava com um revólver 38 e um facão. Parece que o marido dela era chamado Lourival, esses dizem que tinham matado ele lá no Carrapicho. Isso foi no final... Quando ela foi presa, o Zé Olímpio trouxe ela para a base de Xambioá”.
Em 26/03/2007, o jornalista Leonel Rocha publicou no Correio Braziliense uma versão Raimundo Antônio Pereira de Melo, formado em 1974 no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, hoje com 53 anos, conta uma história completamente diferente para o desaparecimento de Telma, responsabilizando exatamente o capitão Pedro Correia Cabral, da Aeronáutica. Cabral sustenta que participou pessoalmente, como piloto de helicóptero, de uma missão hedionda de transporte de cadáveres de guerrilheiros, exumados após muitos meses e, portanto, já em adiantado estado de decomposição, para incineração no topo da Serra das Andorinhas numa fogueira onde se entremeavam restos mortais de combatentes e pneus. Leonel Rocha apresenta como data do desaparecimento 7 de setembro: “Melo recorda-se da tarde do 7 de setembro de 1974. Ele estava de guarda junto com dois colegas xarás, Raimundo Lopes de Souza e Raimundo Almeida dos Santos, quando chegou à base do Exército, em Xambioá, a guerrilheira Lia. Era o codinome de Telma Regina Cordeiro Corrêa. Eles vigiaram a militante do PCdoB durante toda a noite. Melo relembra que ela só bebeu água antes de dormir. No dia seguinte pela manhã e armados com fuzil FAL, Melo e os colegas levaram Lia algemada e encapuzada para embarcar em um helicóptero. A prisioneira foi entregue viva ao então capitão Cabral.
O antigo soldado anotou a numeração do fuzil que usava no dia e a identificação do helicóptero que transportou a guerrilheira. Ele temia que um dia pudesse ser acusado de alguma irregularidade por ter sido o carcereiro de Lia. O ex-recruta conta que o capitão Cabral recebeu Lia presa, levantou vôo e retornou com o helicóptero vazio à base de Xambioá apenas 20 minutos depois. Segundo Melo, o oficial disse, na ocasião, que tinha levado a mulher para Brasília, a cerca de mil quilômetros de distância. ‘Entregamos a presa viva ao oficial. Ele é quem tem de dar conta do corpo até hoje desaparecido’, diz Melo. Segundo informações das Forças Armadas, Lia teria sido morta em combate em janeiro de 1974, oito meses antes de Melo tê-la vigiado e entregue ao oficial Cabral. ‘Estamos dispostos a testemunhar que entregamos a guerrilheira viva ao capitão’, promete Melo”.
Anteriormente, em 1974, a revista IstoÉ já tinha publicado matéria de Leandro Loyola que aponta a data de setembro para o desaparecimento, a partir da mesma fonte: “Quatro meses depois, no final da tarde de 7 de setembro, chegou Lia. Estudante de Geografia, ela estava na luta havia três anos com o marido, Elmo Corrêa, estudante de Medicina. Já viúva, Lia foi presa junto com a guerrilheira Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, em São Geraldo, às margens do Rio Araguaia. No relatório apresentado pelo Ministério da Marinha, em 1993, ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, a data registrada para a morte de Telma, no entanto, é janeiro de 1971. Telma Regina Correa é considerada desaparecida política por não terem sido entregue os restos mortais aos seus familiares até hoje.
Telma Corrêa, heroína do povo e da Revolução Brasileira! Presente na luta!
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