Suely Yumiko Kanayama, codinome Chica. Nascida em São Paulo no ano de 1948, filha de japoneses, foi estudante de Letras, portuguesa e germânica, na Universidade de São Paulo, onde ingressou na militância política estudantil e dava aulas na periferia da cidade. Na primeira metade da década de 1960, participa da Ação Popular (AP). Em meados de 1967, filia-se ao PC do B (CV/SP, 2020).
Primeira filha de um casal de imigrantes japoneses, nasceu em Coronel Macedo, no interior paulista. Aos quatro anos de idade, Suely mudou-se com sua família para Avaré. Em 1965, mudou-se novamente para a capital paulista, residindo em Santo Amaro e concluindo o curso colegial em 1967 na escola Albert Levy. Ingressou em seguida na USP, onde foi aprovada para Licenciatura em Línguas Portuguesa e Germânica. Em 1968 e 1969, além do currículo regular, cursou Japonês como matéria opcional. Foi liderança estudantil naquela faculdade. Matriculou-se pela última vez na USP em 1970 e chegou à região do Araguaia em fins de 1971, já militante do PCdoB, ficando conhecida como Chica. Rapidamente aprendeu a trabalhar como lavradora, a andar na mata com sua mochila de 20 quilos às costas, a caçar e enfrentar todos os obstáculos.
Segundo os depoimentos de camponeses, ela prestava atendimento às pessoas com Luiza Garlippe, codinome Tuca, e também com o médico e guerrilheiro João Carlos Haas Sobrinho (Juca) (MORAIS; SILVA, 2005; ALVES, 2004). Em meio à sua vivência, há um episódio no qual, ao tentar cortar um coco, um companheiro de guerrilha acabou decepando seu indicador esquerdo. “Quando o perdeu, a Comissão Militar da guerrilha fez um elogio a ela por ato de bravura, com direito a um destacamento perfilado” (NOSSA, 2012, p. 205).
O relatório do Ministério do Exército, de 1993, registra que “Em 1974, cercada pelas forças de segurança, foi morta ao recusar sua rendição”. O relatório do Ministério da Marinha, do mesmo ano, afirma que foi morta em setembro de 1974, acrescentando: “pertencia ao grupo Gameleira/Dest. B. Era auxiliar do setor de saúde e tinha como chefe João Carlos Haas Sobrinho (Juca). Fez parte do grupo de observação, no treinamento de emboscadas. Fez treinamento de tiro, deslocamentos através do campo e sobrevivência (...).
Em 1974, cercada por uma tropa do Exército, recusou-se à rendição, sendo metralhada. Seu corpo foi perfurado por mais de 100 balas de grosso calibre, segundo os militares. Foi enterrada em Xambioá e seus restos mortais foram posteriormente exumados por pessoas que não foram identificadas. Morreu aos 25 anos, dos quais 3 dedicados à guerrilha, em defesa da causa que acreditava justa – a liberdade”. A matéria informa também que, “além desses dados, pouco mais se sabe de sua vida. (...) Tudo o que se referia a Suely Yumiko parece ter sido apagado, nem mesmo seus documentos na faculdade se pode encontrar, além dos pedidos de matrículas e que era portadora de identidade RG - 4.134.859, mas o espaço para a fotografia está em branco”.
Sobre a ocultação do cadáver de Suely, o coronel da Aeronáutica Pedro Cabral afirmou em entrevista à revista Veja, em outubro de 1993: “Suely havia sido morta no final de 1974. Seu corpo estava enterrado num local chamado Bacaba, onde, sob a coordenação do Centro de Informações do Exército, foram construídas celas e se interrogavam os prisioneiros. Durante a operação limpeza, sua cova foi aberta e o corpo de Suely desenterrado. Intacto, sem roupa, a pele muito branca não apresentava nenhum sinal de decomposição, apenas marcas de bala. Desenterrado, o corpo de Suely foi colocado num saco plástico e levado até meu helicóptero que o transportou para um ponto ao sul da Serra das Andorinhas, a 100 km de distância. Ali fizeram uma pilha de cadáveres também desenterrados de suas covas originais. Cobertos com pneus velhos e gasolina, foram incendiados”.
Suely Kanayama, heroína do povo e da Revolução Brasileira! Presente na luta!
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