30/06/2022

O Movimento Feminino Popular se soma à Campanha pela Liberdade do Professor Indiano Saibaba!

A seguir reproduzimos poema escrito por Saibaba e matéria do Jornal A Nova Democracia. 

 

Poema: “Mãe, não chores por mim” (2017), de G. N. Saibaba 

  
G. N. Saibaba é um ativista democrata e importante prisioneiro político do velho estado indiano. Tradução do inglês, de seu livro "Porque temes tanto o meu caminho?".
 
 
 
Quando vieste me visitar,

não pude ver tua face

por através da janela de fibra de vidro.

Se olhasses meu corpo aleijado,

poderias, de fato, acreditar que eu ainda estava vivo.

 

Mãe, não chores por minha ausência em casa.

 

Quando eu estava em casa

e no mundo lá fora,

tinha muitos amigos.

Quando fui encarcerado na solitária

desta prisão,

ganhei muito mais amigos

ao redor do globo.

 

Mãe, não te desesperes por minha saúde débil.

 

Quando não tinhas como me dar um copo de leite

em minha infância,

me alimentaste com tuas palavras

de força e coragem.

Nesses tempos de dor e sofrimento,

ainda me sustento com aquilo

que me alimentaste.

 

Mãe, não percas tuas esperanças.

 

Eu percebi que a prisão não é a morte,

é o meu renascimento,

e logo retornarei à casa

para teu colo, que me nutriu

com esperança e coragem.

 

Mãe, não temas por minha liberdade.

 

Diga ao mundo,

que a liberdade que perdi

é a liberdade que as multidões ganharam

porque todo aquele que toma parte por mim

toma para si a causa dos desgraçados da terra

onde minha liberdade hoje repousa.

 

(AND) Índia: G.N. Saibaba hospitalizado após greve de fome 

 

O professor G.N. Saibaba, preso político do velho Estado indiano, foi hospitalizado no dia 22 de maio após 4 dias de greve de fome. Saibaba iniciou uma greve de fome desde sua cela no dia 21 de maio, após o velho Estado indiano instalar uma câmera que filma toda sua cela e lhe negar o direito a uma garrafa de água de plástico. Com 90% dos movimentos comprometidos, Saibaba tem dificuldade para levantar garrafas e jarras de outros materiais.

G.N. Saibaba é integrante da Frente Democrática Revolucionária, um acadêmico universitário e intelectual progressista. Por conta de sua posição de apoiar o povo indiano e sua luta, sofre há anos uma perseguição por parte do velho Estado indiano. O povo indiano sofre as consequências de um regime atrasado de capitalismo burocrático, que explora aos camponeses impondo-os o regime de servidão, além de milhares de indianos que sofrem com o sistema de castas. Mesmo sob a repressão feroz do governo genocida de Narendra Modi, as massas indianas lutam a cada dia mais, elevando suas lutas recentemente com greves gerais em defesa dos mais básicos direitos. No país também se desenvolve uma Revolução de Nova Democracia através da Guerra Popular em que o Partido Comunista da Índia (Maoista) dirige o Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL). Segundo o Comitê de Defesa e Libertação do Dr. G.N. Saibaba, desde o terceiro dia de greve de fome, o professor está sofrendo com hemorragias e sua pele está ficando solta e distendendo-se dos músculos.

O intelectual democrático está encarcerado pelo velho Estado indiano desde 2014 acusado de possuir ligações com maoistas e com o “terrorismo”. Desde então, o velho Estado indiano já lhe negou diversos direitos, pelos quais o intelectual democrático lutou e conquistou por meio de outras greves de fome. Além da negação de direitos, os reacionários encarceraram Saibaba em uma cela “Anda” (que significa ovo em hindi), tipo de cela do sistema prisional indiano com tamanho reduzido e formato que favorece a vigilância, reservada a presos de segurança máxima. A tortura sistemática conduzida contra o professor G.N. Saibaba é ainda reforçada pelo fato de ser verão na Índia, com dias em que a temperatura ultrapassa os 45 graus. Contra essas violações, Saibaba declarou greve de fome mais uma vez, apesar de suas condições de saúde extremamente debilitadas. 

Desde a prisão de Saibaba, um grupo de ativistas, jornalistas e acadêmicos em defesa de sua liberdade criaram a Comissão de Defesa e Libertação do Dr. G.N. Saibaba. O grupo, junto com a família do democrata, atuam na defesa dos direitos e da libertação do professor. No dia 21/05, quando foi declarada a greve de fome, a esposa e irmão de Saibaba enviaram uma carta ao Ministro do Interior de Maharashtra, estado onde se localiza a prisão em que o professor está encarcerado. 

“Na terça-feira (10/05/2022), as autoridades carcerárias fixaram uma câmera CCTV de amplo ângulo na frente da cela Anda dele [Saibaba], que pode capturar vídeo de toda a cela, incluindo assento de banheiro, local de banho e tudo na cela pequena. Assim, ele não pode usar o vaso sanitário para urinar ou nem mesmo tomar banho diante da câmera, pois a câmera grava o vídeo de tudo 24 horas por dia. Agora, como o Dr. G. N. Saibaba pode viver nestas circunstâncias? [...] É uma intimidação, uma violação, um insulto à sua integridade corporal. [...] Sob essas condições restritas, ele decidiu entrar em greve de fome indefinidamente, até a morte, ou até que a câmera seja removida e os administradores penitenciários responsáveis peçam desculpas por violar consciente e brutalmente os direitos naturais do corpo e os direitos previstos na Constituição”, denuncia a carta.

Como resultado da greve, Saibaba já garantiu vitórias parciais. Os capatazes da Prisão Central de Nagpur informaram que irão conceder a garrafa de água de plástico para Saibaba, mudar a direção da câmera e atender as outras exigências uma a uma, no “devido curso do tempo”. 

A Comissão de Defesa e Libertação do Dr. G.N. Saibaba, contudo, demanda atendimento imediato de todas as exigências pela vida e saúde e do intelectual democrático. Dentre as exigências, que fazem parte da campanha para libertação total de Saibaba, estão: a remoção total da câmera implantada, a transferência de Saibaba para outra prisão, a retirada de Saibaba da cela Anda e a liberdade condicional e o devido atendimento e tratamento médico para o professor.

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