11/03/2022

AND: Poema: "O redemoinho rompeu a calma" (1982), de Edith Lagos

Republicamos, do Jornal A Nova Democracia, poema de Edith Lagos. Importante militante do Partido Comunista do Peru, o poema escapou de sua cela em 1981 e, sob um pseudônimo, venceu o primeiro lugar num concurso de poesia de Ayacucho.

 

 O redemoinho rompeu a calma (1982)

Do alto de uma montanha

Ao lado de uma pedra inerte

Meio ao aroma das ervas silvestres

pergunto:

Quanto falta para que o rio

Aumente seu caudal?

Para que tormentosamente arrase

Este cruel presente.

Para o sul avisto os largos caminhos

E nos pampas se notam os redemoinhos

Pergunto aos redemoinhos:

Porque se dirigem ao sul?

Que querem arrasar?

A iniquidade do passado

Lá alojada.

Retoma o caminho curvilíneo, ziguezagueante se dirige lá

Onde a calma já é tormenta

Onde a tormenta já não quer ser calma

Pedra inerte, há muito pedra, há muito inerte.

Sei que o caminho, o rio

O pampa e o redemoinho

Moveu seus guardados sentimentos.

Não querias subir a montanha

Para ver os pampas, o caminho, o rio

E o redemoinho.

Porém a inércia ficou para trás

Incendiados estão teus sentimentos.

Erva silvestre, aroma puro

Te rogo acompanhar-me em meu caminho

Serás meu bálsamo em minha tragédia

Serás meu alento em minha glória.

Serás minha amiga

Quando crescer

Sobre minha tumba.

Lá: que a montanha me abrigue

que o rio me conteste

O pampa arda,

O redemoinho volte, o caminho descanse

E a pedra?...

A pedra lápide eterna será nela

Gravada,

“Tudo permanecerá”.

 

 

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