Publicamos
a seguir, o artigo do grande Lenin, O Poder Soviético e a Situação
da Mulher. Lenin nos deu o grande
ensinamento de que A Emancipação da
mulher é Obra da Revolução Proletária.
Disponível
também em:
<https://www.marxists.org/portugues/lenin/1919/11/06.htm>
Acesso
em: 21 de jun. 2018.
Primeira
Edição: Publicado na Pravda, nº 249, de 6 de novembro de 1919.
(Obras Completes, vol. XXIV, págs, 517-519.)
06 de
Novembro de 1919
O segundo
aniversário do poder soviético nos impõe passar em revista tudo
aquilo que foi realizado no decorrer desse período e refletir sobre
a significação e os fins da revolução que realizamos.
A
burguesia e seus defensores nos acusam de haver violado a democracia.
Declaramos que a revolução soviética deu à democracia um impulso
sem precedentes, tanto em amplitude como em profundidades; esse
impulso ela o deu precisamente à democracia para as massas
trabalhadoras exploradas pelo capitalismo, isto é, à democracia
para a imensa maioria do povo, à democracia socialista (para os
trabalhadores), que se deve distinguir da democracia burguesa (para
os exploradores, os capitalistas, os ricos).
Com quem
está a razão?
Refletir
sobre esse problema e aprofundá-lo, significa levar em conta a
experiência desses dois anos e preparar-se melhor para seu posterior
desenvolvimento.
A posição
da mulher põe particularmente em evidência a diferença entre a
democracia burguesa e a socialista e dá uma resposta particularmente
clara ao problema que antes levantamos.
Em nenhuma
república burguesa (isto é, onde existe a propriedade privada da
terra, das fábricas, das minas, das ações, etc.) mesmo na mais
democrática, em nenhum lugar do mundo, mesmo no país mais
avançado, a mulher goza de plena igualdade de direitos. E
isso apesar de haverem decorrido 130 anos desde a grande revolução
francesa democrático-burguesa.
Em
palavras, a burguesia democrática promete a igualdade e a liberdade,
mas, de fato, até mesmo a república burguesa mais avançada não
deu à metade feminina do gênero humano, a plena igualdade
jurídica com o homem, nem a libertou da tutela e da opressão deste
último.
A
democracia burguesa é uma democracia feita de frases pomposas, de
expressões altissonantes, de promessas grandiloquentes, de belas
palavras de ordem de liberdade e de igualdade, mas, na
realidade, dissimula a falta de liberdade e de igualdade da mulher, a
falta de liberdade e de igualdade dos trabalhadores e explorados.
A
democracia soviética ou socialista repele o verbalismo pomposo e
falso, declara guerra impiedosa à hipocrisia dos «democratas», dos
latifundiários, dos capitalistas ou dos camponeses bem alimentados
que se enriquecem vendendo a preços exorbitantes seus excedentes de
trigo aos operários famintos.
Abaixo
esta mentira ignóbil! A «igualdade» entre opressores e oprimidos,
entre explorados e exploradores é impossível, não existe e jamais
existirá. Não pode haver, não há e não haverá verdadeira
«liberdade» enquanto a mulher não for libertada dos privilégios
que a lei reconhece ao homem, enquanto o operário não for libertado
do jugo do capital, enquanto o camponês trabalhador não for
libertado do jugo do capitalista, do latifundiário, do comerciante .
A que
ponto os mentirosos e os hipócritas, os imbecis e os cegos, os
burgueses e seus defensores enganam o povo falando-lhe de liberdade,
de igualdade, de democracia em geral!
Nós
dizemos aos operários e aos camponeses: arrancai a máscara desses
mentirosos, abri os olhos desses cegos. Perguntai-lhes:
Igualdade
de que sexo com que sexo?
De que
nação com que nação?
De que
classe com que classe?
Liberdade
de que jugo ou do jugo de que classe?
Liberdade
para que classe?
Quem fala
de política, de democracia, de liberdade, de igualdade, de
socialismo, sem fazer tais perguntas e sem colocá-las no
primeiro plano sem lutar contra as tentativas de esconder, dissimular
e silenciar tais problemas, é o pior inimigo dos trabalhadores, um
lobo na pele de cordeiro, o pior inimigo dos operários e dos
camponeses, um servidor dos grandes latifundiários, do tzar, dos
capitalistas.
Em dois
anos, em um dos países mais atrasados da Europa, o poder soviético
fez pela emancipação da mulher, por sua igualdade com o sexo
«forte», mais do que haviam feito todas as republicas avançadas,
cultas, «democráticas» do mundo inteiro, no curso de cento e
trinta anos.
Educação,
cultura, civilização, liberdade: a todas essas palavras
altissonantes, em toda república burguesa, capitalista, do mundo
correspondem leis incrivelmente abjetas, de vilania repelente,
grosseiramente bestiais, que consagram a desigualdade jurídica da
mulher no que se refere ao casamento e ao divórcio, sancionam a
desigualdade entre os filhos naturais e os «legítimos» e,
atribuindo privilégios aos homens, humilham e ofendem a mulher. O
jugo do capital, a opressão da «sagrada propriedade privada», o
despotismo da estupidez burguesa, a cobiça do pequeno patrão
impediram às repúblicas burguesas mais democráticas tocar nessas
leis vis e abjetas.
A
República dos Sovietes, a república dos operários e dos
camponeses, varreu de um golpe, para sempre, todas essas leis, não
deixando pedra sobre pedra dos edifícios construídos pela mentira e
hipocrisia burguesas.
Abaixo
essa mentira! Abaixo os mentirosos que falam de liberdade e de
igualdade para todos, quando existe um sexo oprimido e classes
de opressores, quando existe a propriedade privada do capital e das
ações, quando existem indivíduos que engordam com seus excedentes
de trigo e subjugam os esfaimados.
Não
liberdade para todos, não igualdade para todos, mas luta
contra os opressores e os exploradores, liquidação de qualquer
possibilidade de oprimir e de explorar. Esta é a nossa palavra
de ordem!
Liberdade
e igualdade para o sexo oprimido!
Liberdade
e igualdade para o operário, para o camponês trabalhador!
Luta
contra os opressores, contra os capitalistas, contra o culaque
especulador!
Este o
nosso grito de guerra, nossa verdade proletária, a verdade da luta
contra o capital, a verdade que lançamos à face do mundo
capitalista, este mundo de frases melífluas, hipócritas,
grandiloqüentes, sobre a liberdade e a igualdade em geral,
sobre a liberdade e a igualdade para todos.
E
justamente porque arrancamos a máscara a essa hipocrisia, porque,
com energia revolucionária, realizamos a liberdade e a igualdade
para os oprimidos e os trabalhadores, contra os opressores, os
capitalistas e os
culaques,
justamente por isso, o poder soviético se tornou tão querido aos
operários do mundo inteiro.
Justamente
por isso contamos hoje, no segundo aniversário do poder soviético,
com a simpatia das massas operárias, dos oprimidos e dos explorados
de todos o.s países do mundo.
Justamente
por isso, no segundo aniversário do poder soviético, apesar da fome
e do frio, apesar de todas as desventuras que nos acarretou a invasão
da República Soviética Russa por parte dos imperialistas, estamos
absolutamente certos de que nossa causa é justa e de que o poder
soviético está destinado a vencer em todo o mundo.
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