Zoya, combatente soviética |
Completaram-se
78 anos do Dia da Vitória dos povos da União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS) contra a agressão do nazifascismo no 09 de maio próximo
passado. Vitória imortalizada como Grande Guerra Pátria em que o
glorioso Exército Vermelho e o heroico povo soviético sob a justa direção do
generalíssimo Marechal Stalin lograram derrotar os planos de conquista da URSS
pela Alemanha hitlerista, expulsando os invasores dos territórios soviéticos e
marchando sobre Berlim, aplastando a besta fascista em seu covil. Grande
Guerra Pátria em que se defendeu não apenas a URSS, primeira pátria do
socialismo, mas a ditadura do proletariado e a revolução proletária mundial.
Para isso também concorreram esforços dos povos de diversos países da Europa em
suas resistências armadas antifascistas e dos povos da Ásia, especialmente do
povo chinês sob a direção do Presidente Mao Tsetung e do Partido Comunista da
China que também expulsou os fascistas japoneses que haviam invadido a China e
planejavam escravizá-la. Como parte das celebrações do 78º aniversário desta
grande vitória do proletariado e dos povos oprimidos do mundo inteiro,
apresentamos a presente resenha do filme russo Zoya – A Guerreira, de
2020.
O
filme se passa no contexto da invasão nazista à URSS em 1941 e narra a luta da
combatente do Exército Vermelho Zoya Kosmodamianskya, primeira mulher a ser
premiada com o título de Heroína da União Soviética na II Guerra Mundial. No
momento da invasão alemã, Zoya é uma jovem estudante e, após a morte de seu
companheiro Eugene na frente de batalha, ela decide alistar-se para defender
seu país. Desde aí Zoya já dá demonstrações de sua coragem e sua decisão pela
luta, condição que se temperará ainda mais no fogo do combate e no enfrentamento
ao inimigo. A partir daí o filme retrata a forja combatente de Zoya e outros
jovens que, como ela, decidem-se a desafiar todos os perigos e a morte para
defender a pátria soviética. Dentre outros defeitos técnico-cinematográficos e de
desonestidade intelectual de roteiristas e direção em faltar com a verdade
histórica e apresentações caricaturescas do Exército Vermelho, não deixa
explícito
a ideologia que movia essa vontade – o marxismo-leninismo, à época – um dos
principais pontos positivos da obra é ressaltar a fortaleza ideológica e moral
de Zoya, expressão do despertar a fúria revolucionária de milhões de
mulheres soviéticas, que ombro a ombro com seus companheiros foram capazes de
imensuráveis heroísmos e sacrifícios.
Após
seu alistamento, Zoya é designada para servir numa unidade de sabotadores, que
deveriam retardar o avanço do exército nazista e fustigá-lo usando táticas
guerrilheiras. Em uma cena, o comandante soviético encarregado do treinamento
dos recrutas sabotadores protesta ante a ordem de treiná-los em apenas três
dias, alegando ser impossível, defendendo ser necessário ao menos três semanas;
mas é replicado por seu superior hierárquico com uma lei da guerra: os alemães
não esperariam os soldados soviéticos terem melhor instrução militar. Como Zoya e
seus companheiros centenas de milhares de soviéticos, principalmente jovens
compuseram milhares de unidade guerrilheiras que atuaram na retaguarda e entre
as posições das hordas assassinas de Hitler para combatê-las e desempenhou
papel chave na vitória. A justeza dessa resposta se mostra ainda mais
evidente quando o grupo de Zoya sai em sua primeira missão de ataque a uma
unidade alemã e consegue cumpri-la com êxito, mesmo sendo inexperiente, enfrentando
um fator imprevisto e resultando em um combatente ferido. Aí se dá o batismo
de fogo de Zoya e seus companheiros. Como o Presidente Mao Tsetung
sintetizou: “se aprende a fazer a guerra fazendo-a” e “não existe uma
muralha da China entre um civil e um militar”. Ou seja, sem desprezar a
importância do treinamento militar prévio, o principal da instrução e forja
militares se dá nos próprios combates.
O
filme também apresenta uma luta ideológica importantíssima, inerente a qualquer
luta revolucionária e de resistência, a luta entre o prosseguimento no caminho
da revolução e a capitulação frente aos ataques ferozes do inimigo. Após uma
ação de sabotagem em uma aldeia em que tropas nazistas estavam estacionadas, os
combatentes Zoya e Klubkov são capturados pelos alemães em momentos diferentes:
Klubkov consegue se desfazer dos explosivos que portava e se passar por
camponês, mas mesmo assim permanece detido; Zoya é pega no momento em que
tentava incendiar casas ocupadas pelos invasores. Por ela saber falar alemão,
inicialmente um oficial nazista tenta aliciar Zoya a colaborar com eles, mas
ela mantém-se firme e não fornece nenhuma informação ao inimigo, mesmo quando
submetida às mais cruéis torturas, derrotando moral e ideologicamente seus
algozes e demonstrando toda superioridade da ideologia e moral comunistas sobre
o fascismo e a capitulação, expressão da ideologia burguesa nas fileiras do
povo. Por outro lado, Klubkov que já se achava amedrontado ante a ferocidade do
inimigo, após ser apresentado às roupas e explosivos portados por Zoya, cai em
desespero e degenera na capitulação e colaboração com o invasor, fornecendo
informações aos inimigos. Apesar de o filme não apresentar tal luta nesses
termos – ideologia proletária, firmeza diante do inimigo versus ideologia
burguesa, capitulação frente ao inimigo – objetivamente é disso que se trata.
Como afirmou o camarada Manoel Lisboa em Vencer as torturas é dever
revolucionário (1972): “O revolucionário consciente é capaz de vencer
qualquer obstáculo; não há ‘ponto máximo’ de tortura capaz de quebrar sua
dignidade de combatente da mais justa das causas – a libertação do homem. Marx
afirma que a teoria se transforma em força material quando se apossa das
massas. A teoria revolucionária também se transforma em poderosa força material
quando se apossa do combatente da causa proletária, uma força tão potente que
faz tremer, ante um homem indefeso, as feras do fascismo sedentas de sangue.”
Ainda
no contexto da captura de Zoya, o filme retrata uma importante arma da guerra
psicológica movida pelos nazistas: a contrapropaganda. Em uma cena, camponeses
de uma aldeia que estava sob ocupação inimiga recebem uma edição do jornal Pravda[1]
forjada pelos alemães que falsamente noticiava a queda de Moscou e de Stalin,
impactando o moral daquelas massas. Esse recurso foi amplamente utilizado pela
máquina de propaganda nazista antes e durante a II Guerra Mundial. É mesmo
parte da ideologia fascista em suas diferentes versões, o obscurantismo e o
falseamento descarado da realidade para tentar confundir e manipular as massas,
tal como os fascistas da atualidade e suas chamadas Fake News.
Além
dos motivos citados, as ações de contrainformação nazistas se faziam ainda mais
necessárias para os invasores devido ao fracasso da sua estratégia de “guerra relâmpago”.
Antes da invasão, Hitler e o Alto Comando militar alemão planejavam conquistar
a URSS em apenas três meses, usando de um ataque massivo, rápido e intenso.
Chocaram-se com a resistência férrea do povo soviético e fracassaram
miseravelmente em seus planos de conquista e subjugação! Para isso o Exército
Vermelho lançou mão tanto de ações guerrilheiras como as realizadas por Zoya e
seus companheiros, desgastando o inimigo, como da guerra de posição em pontos
estratégicos, cujo maior e mais glorioso exemplo é a Batalha de Stalingrado.
Nesta que foi a maior batalha em cidades de todos os tempos, os combates foram
tão encarniçados que chegou mesmo a disputar-se cômodo a cômodo de cada casa.
Para tentar conquistar Stalingrado, o exército nazista enviou para lá o
principal de suas forças. Pagando com seu generoso sangue, os combatentes de
Stalingrado e as massas de lá, garantiram a defesa da cidade e infligiram a
maior derrota militar e moral sofrida pelo exército alemão numa campanha.
O
filme Zoya – A Guerreira também têm o mérito de não tentar ocultar o
papel do camarada Stalin, como outras produções do gênero nos períodos do
social imperialismo na URSS (após 1956) e da Rússia imperialista (após 1991).
Mesmo sem dar a correta dimensão da direção de Stalin na Grande Guerra
Pátria, o filme mostra que Stalin estava como comandante do quartel-general
estava a par da aplicação das definições e em Moscou acompanhava de perto os
preparativos de comandos especiais a serem enviados à retaguarda inimiga. Como
mostra o filme o momento em que ele visita o campo de treinamentos em
que Zoya e seus companheiros estão e passa a tropa em revista antes de ser
enviada à frente de batalha. No período da guerra, mesmo diante das imensas e
complexas tarefas que possuía como comandante supremo do Exército
Vermelho e
da Frota Vermelha, Stalin fazia questão de visitar pessoalmente todos os
combatentes que partiam para o front. Em outra cena do filme, quando é
apresentada a possibilidade de deixar Moscou ante a aproximação das tropas
nazistas, o Generalíssimo
Stalin afirma peremptoriamente que permanecerá em seu posto no Kremlin.
Dentre
as limitações da obra, a principal é apresentar a Grande Guerra Pátria
como sendo apenas uma guerra de resistência ante a invasão de uma potência
estrangeira e não como o enfrentamento entre sistema socialista e sistema
imperialista, entre ditadura do proletariado e ditadura fascista
burguesa, entre emancipação dos povos do mundo pelo socialismo e escravização
e subjugação pelo fascismo. Sobre o significado dessa guerra o Presidente
Mao sentenciou: “A sagrada guerra de resistência da União Soviética contra a
agressão fascista está sendo travada não apenas em sua própria defesa, mas em
defesa de todas as nações que lutam para se libertar da escravidão fascista.”
Esta “omissão” por parte de roteiristas e produtores do filme não pode ser
considerada casual, é expressão ideológica da posição da burguesia russa de
tentar traficar com o profundo sentimento patriótico inspirado pela Grande
Guerra Pátria nas massas da URSS e de todo o mundo, buscando ocultar seu
conteúdo de classe proletário e revolucionário e servir a seu reacionário
nacionalismo burguês.
Exemplo
maior disto é o fato de Putin e seus sequazes desde há muito buscarem manipular
o sentimento das massas em pretensas celebrações do 09 de maio e
intervenções públicas sobre o tema. Esses cabecilhas do imperialismo russo
querem fazer crer que há identidade entre o libertador Exército Vermelho
soviético e o atual Exército russo imperialista e, após o início de sua suja
guerra de agressão à nação e ao povo da Ucrânia, que há identidade desta e a
gloriosa guerra de resistência contra o nazifascismo pelo povo soviético. Como
destacado em artigo da redação da Internacional Comunista (ci-ic.org): “Putin
vinculou a atual invasão ao 9 de maio de 1945 para fazer crer que a ‘valentia’
dos soldados russos na luta por ‘desnazificar’ Ucrânia – como retórica
imperialista ‘humanista’ para justificar seus interesses depredadores – está
relacionada com a que mobilizou a classe operária e todos os povos do mundo,
especialmente os soviéticos, a derramar seu sangue pela causa da derrota da
agressão alemã contra a primeira pátria socialista na História da humanidade.”
O mesmo surrado discurso de outras potências imperialistas, tal como os EUA de
tentar justificar suas guerras de rapina com argumentos pretensamente
humanistas e progressistas como “guerra contra o terror”, guerra para “defender
os direitos humanos” e “levar liberdade e democracia” aos países invadidos –
vide os exemplos recentes das invasões ianques ao Afeganistão e ao Iraque.
Nesse
sentido, a lição que se pode extrair de Zoya – A Guerreira, desde uma
perspectiva proletária e revolucionária é o contrário do que pretende a
burguesia imperialista russa: morte ao invasor! Mesmo diante de suas
limitações, o filme presta tributo à heroica resistência do povo soviético,
especialmente as mulheres, operárias, camponesas kolkhozianas, estudantes e
intelectuais proletárias, representadas no exemplo imperecível da combatente
Zoya. Nesta grande epopeia da História humana é possível encontrar inspiração
para a nação e povo ucranianos expulsarem o invasor russo e sacudir o jugo do
imperialismo – dos EUA, da Alemanha, ou qualquer que seja – e elevar sua luta
de libertação nacional à revolução de nova democracia ininterrupta ao
socialismo; para o povo russo derrubar a burguesia imperialista e destruir seu
velho Estado, edificando novamente a república socialista; e para o
proletariado e povos oprimidos de todo mundo varrerem o imperialismo da face da
Terra, dando lugar ao Socialismo, rumo à dourada emancipação da humanidade, o
Comunismo.
_____________________________
Notas:
*
O título do presente texto é um rechaço à grosseira falsificação cometida pelos
responsáveis da dublagem brasileira do filme Zoya – A Guerreira. Em uma
das últimas cenas do filme, a combatente Zoya é levada pelos nazistas para ser
enforcada e faz uma intervenção política diante dos habitantes da aldeia
soviética, então sob ocupação alemã:
“Então
é isso, camaradas, acabem com os nazistas, queimem-los!
Há
200 milhões de nós, não podem enforcar todos!
Combati
bravamente, adeus.
Não
tenham medo!
Stalin
virá!”
Esta
frase última de Zoya, o clímax do filme, é traduzida na dublagem para seu
extremo oposto “Stalin cairá!” – grosseira falsificação, levando
em conta todo o contexto e argumento do filme. E mais do que isso, é uma
ridícula tentativa de falsear a História, digna dos mais raivosos
anticomunistas e trotskistas. No próprio contexto da II Guerra Mundial, o
camarada Stalin desfrutava de imenso prestígio em todo mundo, principalmente
entre os povos da URSS e o movimento comunista internacional, dos quais ele se
alçou à condição de chefatura após a morte do grande Lenin; não por acaso, os
soldados do Exército Vermelho, tinham como grito de guerra antes dos combates:
“Pela Pátria e por Stalin!” Mesmo essa produção russa não sendo uma obra
de caráter proletário, ela não pode negar que Stalin foi o grande artífice da
vitória sobre o nazismo, pois isso seria zombar da inteligência e memória dos
povos do mundo inteiro. Desde essas linhas denunciamos, rechaçamos e aplastamos
esse contrabando anticomunista e tamanha desonestidade intelectual e histórica.
E reafirmamos: Viva o grande camarada Stalin! Morte ao oportunismo e ao
revisionismo!
[1]
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