30/09/2021

A mulher na guerra popular - Presidente Gonzalo




Reproduzimos texto do Presidente Gonzalo publicados em nosso caderno de estudos "Textos marxistas-leninistas-maoistas sobre a questão da mulher" e a  Resolução do Primeiro Congresso do Partido Comunista do Peru sobre a grande camarada Norah  publicado no mesmo caderno:


Honra e Glória eternas ao Presidente Gonzalo e ao todo-poderoso pensamento gonzalo!




A mulher na guerra popular

 

 Em 1986, em El Diario, recebemos um extraordinário documento escrito pelo presidente Gonzalo, cujo título original é “O Marxismo e a Emancipação da Mulher”. Publicamos integralmente e consideramos que até hoje é o melhor texto que se escreveu no Peru sobre o papel da mulher na revolução. Agora, pela passagem do Dia Internacional da Mulher, entregaremos um resumo bastante curto deste documento.

Este escrito do presidente Gonzalo está referendado por uma prática revolucionária, que pôs em movimento a milhões de mulheres que lutam junto à classe operária pela emancipação definitiva. Uma característica peculiar no processo peruano é a ativa e massiva participação da mulher. No campo ou na cidade elas estão presentes. Como militantes, quadros políticos ou militares, a mulher peruana desde 1980 cumpre um papel histórico de primeira ordem as mudanças sociais.

 

***

 

O Doutor Abimael Guzmán Reynoso, Presidente Gonzalo, Presidente do Partido Comunista do Peru, e Augusta La Torre Carrasco, camarada Norah, Mestre dos Comunistas, a águia do Partido. Uma vida dedicada total e cabalmente ao Partido e à Revolução.

O Marximo e a Emancipação da Mulher

 

Abimael Guzman – 1986

 

O marxismo, a concepção da classe operária, concebe o homem como um conjunto de relações sociais historicamente variáveis que mudam em função do processo social. Assim, pois, o marxismo é absolutamente contrário à tese da “natureza humana” como realidade eterna, imutável à margem das condições sociais, posição que é do idealismo e da reação (…)

 Assim como o marxismo considera ao homem como uma realidade concreta historicamente gerada pela sociedade, tampouco aceita a tese da “natureza feminina”, pois esta não é senão complemento da chamada “natureza humana” e, portanto, reiteração de que a mulher é uma natureza eterna e imutável; com o agravante, como vimos, de que o idealismo e a reação entendem por “natureza feminina” uma “natureza deficitária inferior ao homem”.

Para o marxismo, assim como o homem, a mulher não é senão um conjunto de relações sociais historicamente conformadas e em mutação em função das variações da sociedade em seu processo de desenvolvimento. A mulher é, pois, um produto social e sua transformação exige a transformação da sociedade.

Quando o marxismo enfoca o problema feminino o faz, portanto, a partir de uma posição materialista e dialética, a partir de uma concepção científica que sim permite uma compreensão cabal. No estudo, investigação e compreensão da mulher e sua condição, o marxismo trata o problema feminino em relação com a propriedade, a família e o Estado: já que no processo histórico a condição da mulher e sua localização histórica está intimamente ligada a estas três questões.

Um extraordinário exemplo de análise concreta do problema feminino, a partir destes pontos de vista, o temos em “A Origem da família, da propriedade privada e do Estado” de F. Engels (…)

 As relações de propriedade e a mulher

 A condição da mulher sustenta-se nas relações de propriedade, na forma de propriedade que se exerce sobre os meios de produção e nas relações produtivas que sobre aquelas se levantam. Esta tese do marxismo é importantíssima pois se baseia em que a opressão anexa à condição feminina tem como raiz a formação, surgimento e desenvolvimento do direito de propriedade sobre os meios de produção e que, portanto, sua emancipação está ligada à destruição de tal direito.

É indispensável, para uma compreensão marxista do problema feminino, partir desta grande tese e hoje mais que nunca quando supostos revolucionários e até autointitulados marxistas, pretendem que a opressão feminina não provém da formação e surgimento da propriedade e sim das simples divisão do trabalho em função dos sexos que haveria atribuído à mulher ocupação menos importante que o homem reduzindo-a ao âmbito doméstico.

Esta posição, apesar de toda a propaganda e intenção de apresentá-la como revolucionária, é apenas a substituição da posição marxista sobre a emancipação da mulher, por proposições burguesas, que essencialmente são novas formas da suposta “natureza feminina” imutável.

Desenvolvendo este ponto de partida, materialista dialético, Engels ensina como sobre esta base se instituiu a família monogâmica da qual diz: “Foi a primeira forma de família que não se baseava em condições naturais e sim econômicas, e concretamente no triunfo da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva, originada espontaneamente. (…) Portanto a monogamia não aparece de nenhuma maneira na história como uma reconciliação entre o homem e a mulher, e menos ainda como forma mais elevada de matrimônio. Pelo contrário, entra em cena sob a forma de escravização de um sexo pelo outro, como proclamação de um conflito entre os sexos, desconhecidos até então na pré-história”.

 

O problema da emancipação

Exposta a condição social da mulher e o esboço histórico de seu desenvolvimento ligado à propriedade, à família e ao Estado, resta tratar o problema da emancipação da mulher, a partir da posição do marximo.

O marxismo sustenta fundamentalmente que o desenvolvimento do maquinário incorpora a mulher, assim como as crianças ao processo produtivo, com o que multiplica os braços a explorar, destruindo a família operária, degenerando fisicamente a mulher e afundando-a material e moralmente na miséria da exploração.

Porém assim como o capitalismo com a incorporação da mulher à produção amplia sua exploração, simultaneamente com este processe se dá uma base material real para que a mulher lute por reivindicar direitos e é um ponto de partida para que combata por sua emancipação; pois, como ensinava Engels, “a submissão da mulher, exige, como condição primeira, a reincorporação de todo o sexo feminino à indústria social, o que por sua vez requer que se suprima a família individual como unidade econômica da sociedade”.

E, evidentemente, o capitalismo, contra seus próprios interesses futuros, senta bases para a futura emancipação da mulher, assim como ao desenvolver-se cria, também, a classe que há de destruí-lo, o proletariado.

A politização da mulher

Para o marxismo, ontem como hoje a politização da mulher é o problema chave de sua emancipação, e a elas os clássicos prestaram especial atenção. Marx ensinava: “quem quer que seja que conheça algo de história sabe que as grandes mudanças sociais são impossíveis sem o fermento feminino. O progresso social pode medir-se exatamente pela posição social do sexo débil”. (…) E para Lenin a participação da mulher é muito mais urgente e importante para a revolução: “a experiência de todos os movimentos libertadores confirma que o êxito da revolução depende do grau em que participem as mulheres”.

Só a luta revolucionária triunfante sob a direção do proletariado é capaz de gerar e fazer cumprir uma real igualdade jurídica de homens e mulheres, ainda que como vimos, a igualdade plena diante da vida, como disse Lenin, se desenvolverá na medida em que se desenvolva a grande produção socialista.

Buscam opor-se ao desenvolvimento do movimento feminino

Estas simples observações mostram a justeza da tese da emancipação da mulher a qual se concebe como parte da libertação do proletariado. Portanto, a tese da libertação feminina, historicamente aparece como uma tese burguesa, em cujo fundo oculta-se a contraposição pelo sexo, ou seja, entre homens e mulheres, camuflando-se assim a raiz da opressão da mulher. Hoje vemos como se desmascara cada vez mais, a libertação feminina como feminismo burguês, que tem por alvo a divisão do movimento popular, apartando do mesmo as massas femininas e que busca principalmente opor-se ao desenvolvimento do movimento feminino sob a guia e condução da classe operária.

 


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