15/06/2018

Artigo da FERP - Chile


A seguir publicamos tradução feita por nós do artigo Feminismo, luta de classes e marxismo publicado na edição especial Rebelión Femenina de La Rebelión se Justifica nº 19 - FERP disponível em <http://ferp-larebelionsejustifica.blogspot.com/2018/06/la-rebelion-se-justifica-n19.html> (acesso em 15-06-2018).

Feminismo, luta de classes e marxismo.

Desde que estalou a luta feminina por todo o país, muitas mulheres pela primeira vez começaram a mobilizar-se e a educar-se politicamente.

O velho Estado e os monopólios de imprensa para desviar este processo, tem tratado de tergiversar a luta e seu conteúdo político, buscando nos fazer crer que ricas e pobres são igualmente oprimidas, que o movimento feminino é “transversal para esquerda e direita”.
Neste artigo buscaremos derrubar alguns mitos e explicar a relação entre a luta feminina, a luta de classes e o marxismo.

 
1. O feminismo é algo alheio à luta de classes?
Ao contrário do que afirmam os reacionários, assim como a sociedade, as mulheres também se dividem em classes, entre oprimidas e opressoras.
As opressoras administram um velho Estado patriarcal e reacionário, oprimindo a milhões de mulheres. Conduzem a ideia de que maquiando esta velha sociedade se alcançará uma “equidade de gênero”, que o importante é que hajam mais mulheres no parlamento ou dirigindo empresas. Este é o feminismo burguês.
Um exemplo disto é Evelyn Matthei, que diz apoiar as demandas mas defende um regime militar que assassinou, torturou e violou a milhares de mulheres pobres.
Outro exemplo é Michelle Bachelet que também tem levantado as bandeiras do feminismo, porém durante seu governo prendeu e encobriu o assassinato de Macarena Valdés, a morte de Joane Florvil, se fez de surda às demandas de Machi Linconao e permitiu que Iagmien Lorenza Cayuhán desse a luz algemada na frente de seus carcereiros.
Por outro lado, as oprimidas sofrem uma dupla exploração: por serem mulheres e por serem pobres, tendo que cumprir um dupla jornada de trabalho, tendo que suportar a chefes e acadêmicos abusadores.
O feminismo proletário é o que compreende isto e toma posição pelas mulheres oprimidas, brigando por varrer as travas que impedem que se unam às lutas do povo em igualdade com seus companheiros de classe.
2. O que tem a ver marxismo e feminismo?
Para o marxismo a questão feminina é de vital importância. Marx disse que “Qualquer um que conheça algo de história sabe que as grandes mudanças sociais são impossíveis sem o fermento feminino”. Lenin planteava “A experiência de todos os movimentos de libertação confirma, que o êxito da revolução depende do grau em que participem as mulheres” e Mao Tsetung escreveu “As mulheres levam sobre seus ombros a metade do céu e devem conquistá-lo. Se esta parte do céu permanece serena, as tempestades revolucionárias que devem varrer o velho mundo se reduzirão a nuvens passageiras”.
De fato, centenas de mulheres têm assumido o marxismo e têm dedicado sua vida à revolução, tal como Rosa Luxemburgo, Krupskaya, Kollontai, Cda. Nora, Teresa Flores e Clara Zetkin, sendo esta última a impulsionadora da comemoração do 8 de março como dia da mulher proletária.
Entre as muitas obras dedicadas à mulher, uma das principais é “A Origem da família, da propriedade privada e do Estado”, donde Engels analisa a origem do patriarcado desde o materialismo histórico. Explica que na gens primitiva, donde primava um direito materno, se começou a gestar um excedente produtivo a partir do avanço da técnica. Isso fez com que os homens procurassem preservar essa propriedade em suas gens, transpassando-as a seus filhos, para o que foi necessária a imposição do direito paterno e obrigação às mulheres à monogamia, a fim de assegurar uma linha de descendência. Assim surgiram o patriarcado, a propriedade privada dos meios de produção e posteriormente o Estado.
É por isso que para o marxismo, a emancipação da mulher só será conquistada com a abolição da propriedade privada dos meios de produção, quer dizer, com a revolução proletária.
3. O que o marxismo tem feito pelas mulheres?
Mas o anterior não significa que para o marxismo a questão feminina é uma luta secundária que deve ser resolvida no comunismo. Quem planteia istó é o revisionismo.
Por exemplo, na Rússia e China antes da revolução a situação da mulher pobre era aberrante, sem educação nem outra oportunidade que não fosse dona de casa, sendo muitas vezes golpeada e inclusive vendida. Milhares delas se uniram à revolução porque ali tinham um lugar de igual para igual com os homens, como hoje o fazem as camponesas da Índia e Brasil. Após a revolução, avanços imensos foram alcançados para as mulheres. A Rússia foi o primeiro país do mundo a conceder voto à mulher, plena igualdade de direitos na Constituição e a despenalizar a homossexualidade.
Em ambos países se socializou o trabalho doméstico, acabando com a dupla jornada, se incorporou plenamente à mulher à produção e se condenou a violência contra a mulher.
De fato, durante a Revolução Cultural e logo da morte de Mao Tsetung, pela primeira vez na história uma mulher passa a dirigir a revolução: a camarada Chiang Ching.
É assim que se compreende que as mulheres são a metade do povo e sem ela não é possível revolução alguma. Desta forma, o marxismo toma com especial importância a questão da mulher, que como duplamente oprimida pode ser também duplamente revolucionária.

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