A seguir publicamos tradução feita por nós do artigo Feminismo, luta de classes e marxismo publicado na edição especial Rebelión Femenina de La Rebelión se Justifica nº 19 - FERP disponível em <http://ferp-larebelionsejustifica.blogspot.com/2018/06/la-rebelion-se-justifica-n19.html> (acesso em 15-06-2018).
Feminismo, luta de classes e marxismo.
Desde que estalou a luta feminina por todo o país, muitas mulheres pela primeira vez começaram a mobilizar-se e a educar-se politicamente.
O
velho Estado e os monopólios de imprensa para desviar este processo,
tem tratado de tergiversar
a luta e seu conteúdo político, buscando nos fazer crer que ricas e
pobres são igualmente oprimidas, que o movimento feminino é
“transversal para esquerda e direita”.
Neste
artigo buscaremos derrubar alguns mitos e explicar a relação entre
a luta feminina, a luta de classes e o marxismo.
1.
O feminismo é algo alheio à luta de classes?
Ao
contrário do que afirmam os reacionários, assim como a sociedade,
as mulheres também se dividem em classes, entre oprimidas e
opressoras.
As
opressoras administram um velho Estado patriarcal e reacionário,
oprimindo a milhões
de mulheres. Conduzem a ideia de que maquiando esta velha sociedade
se alcançará uma “equidade de gênero”, que o importante é que
hajam mais mulheres no parlamento ou dirigindo empresas. Este é o
feminismo burguês.
Um
exemplo disto é Evelyn Matthei, que diz apoiar as demandas mas
defende um regime militar que assassinou, torturou e violou a
milhares de mulheres pobres.
Outro
exemplo é Michelle Bachelet que também tem levantado as bandeiras
do feminismo, porém
durante seu governo prendeu e encobriu o assassinato de Macarena
Valdés, a morte de Joane Florvil, se fez de surda às demandas de
Machi Linconao e permitiu que Iagmien Lorenza Cayuhán desse a luz
algemada na frente de seus carcereiros.
Por
outro lado, as oprimidas sofrem uma dupla exploração: por serem
mulheres e por serem pobres, tendo que cumprir um dupla jornada de
trabalho, tendo que suportar a chefes e acadêmicos abusadores.
O
feminismo proletário é o que compreende
isto e toma posição pelas mulheres oprimidas, brigando por varrer
as travas que impedem que se unam às lutas do povo em igualdade com
seus companheiros de classe.
2.
O
que tem a ver marxismo e feminismo?
Para
o marxismo a questão feminina é de vital importância. Marx disse
que “Qualquer
um que conheça algo de história sabe que as grandes mudanças
sociais são impossíveis sem o fermento feminino”.
Lenin planteava “A
experiência
de todos os movimentos de libertação confirma, que o êxito da
revolução depende do grau em que participem as mulheres”
e Mao Tsetung escreveu “As
mulheres levam sobre seus ombros a metade do céu e devem
conquistá-lo. Se esta parte do céu permanece serena, as tempestades
revolucionárias que devem varrer o velho mundo se reduzirão
a nuvens passageiras”.
De
fato, centenas de mulheres têm
assumido o marxismo e têm
dedicado sua vida à revolução, tal como Rosa Luxemburgo,
Krupskaya, Kollontai, Cda. Nora, Teresa Flores e Clara Zetkin, sendo
esta última a impulsionadora da comemoração do 8 de março como
dia da mulher proletária.
Entre
as muitas
obras dedicadas à mulher, uma das principais é “A
Origem da família, da propriedade privada e do Estado”,
donde Engels analisa
a origem do patriarcado desde o materialismo histórico. Explica que
na gens primitiva, donde primava um direito materno, se começou a
gestar um excedente produtivo a partir do avanço da técnica.
Isso
fez com que os homens procurassem preservar essa propriedade em suas
gens, transpassando-as
a seus filhos, para o que foi necessária a imposição do direito
paterno e obrigação
às mulheres à monogamia, a fim de assegurar uma linha de
descendência. Assim surgiram o patriarcado, a propriedade privada
dos meios de produção e posteriormente o Estado.
É
por isso que para o marxismo, a emancipação da mulher só será
conquistada com a abolição da propriedade privada dos meios de
produção, quer dizer, com a revolução proletária.
3.
O que o marxismo tem feito pelas mulheres?
Mas
o anterior
não
significa
que para o marxismo a questão feminina é uma luta secundária que
deve ser resolvida no comunismo.
Quem
planteia istó é o revisionismo.
Por
exemplo, na Rússia e China antes da revolução a situação da
mulher pobre era aberrante, sem educação nem outra oportunidade que
não fosse dona de casa, sendo muitas vezes golpeada e inclusive
vendida. Milhares delas se uniram à revolução porque ali tinham um
lugar de igual para
igual
com os homens, como hoje o fazem as camponesas da Índia e Brasil.
Após a revolução, avanços imensos foram alcançados
para as mulheres. A Rússia foi o primeiro país do mundo a conceder
voto à mulher, plena igualdade de direitos na Constituição e a
despenalizar a homossexualidade.
Em
ambos países se socializou o trabalho doméstico, acabando com a
dupla jornada, se incorporou plenamente à mulher à produção e se
condenou a violência contra a mulher.
De
fato, durante a Revolução Cultural e logo da morte de Mao Tsetung,
pela primeira vez na história uma mulher passa a dirigir a
revolução: a camarada Chiang Ching.
É
assim que se compreende que as mulheres são a metade do povo e sem
ela não é possível revolução alguma. Desta forma, o marxismo
toma com especial importância a questão da mulher, que como
duplamente oprimida pode ser também duplamente revolucionária.
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