Vitorioso Encontro do Movimento
Feminino Popular reúne camponesas na região da Ponte da Aliança Operário-Camponesa
O dia
08 de março, dia Internacional da Mulher Proletária foi celebrado através de
vigoroso Encontro de mulheres camponesas que reuniu durante todo o dia 07,
companheiras jovens e adultas de 10 áreas camponesas e quilombolas Furado
Modesto, Furado Seco, Vila, Sebo, Tanquinho, Brilho do Sol, Araruba, Caxambu, Conquista
da Unidade em Varzelândia, todas vizinhas da Área Revolucionária Ponte da aliança
operário-camponesa de onde também participou uma delegação.
O
Encontro se realizou na escola de remanescentes quilombolas do povoado Furado
Modesto, um espaço amplo onde foi possível aplicar as medidas sanitárias com
distanciamento entre as diferentes comunidades. Infelizmente neste ano as anciãs
não participaram devido a pandemia, mas manifestaram seu acordo e apoio à
atividade, o que é uma questão chave nas comunidades quilombolas, onde as
pessoas mais velhas são ouvidas e possuem muito prestígio!
Várias
companheiras e companheiros participaram da organização do Encontro que está em
sua segunda edição nesta Área de Remanescentes Quilombolas, inclusive os
companheiros da LCP que trabalharam na logística e apoiaram na convocação. A
escola foi roçada e limpa, foi feita arrecadação para almoço e lanche, foram
confeccionados os lencinhos do MFP, assim como as pastas de músicas com a foto
da companheira Elzita Rodrigues – fundadora do MFP no Norte de Minas. Havia
grande expectativa e apreensão devido a pandemia e também as condições das
estradas, devido as chuvas.
Reunião com jovens
camponesas
A
primeira parte do Encontro realizou-se com as jovens, onde 20 companheiras
entre 11 e 21 anos participaram com muito entusiasmo e interesse. Quando as
jovens chegaram já encontraram uma banquinha com os livros e demais materiais
de propaganda, como o jornal A Nova Democracia. Muitas destas jovens são
conhecidas por nós, pois são filhas de camponeses e quilombolas que
conquistaram a terra através da luta e que cresceram nas áreas tomadas. Logo já
se elegeu uma comissão sanitária para garantir o uso do álcool em gel e máscara
por todos, o que foi assumido por elas com toda responsabilidade.
Depois
do café com pipoca, as jovens assumiram a segunda tarefa, montar a ornamentação
do Encontro. Rapidamente se mobilizaram para pintar e colar cartazes de
propaganda, organizar cadeiras, cartazes da campanha “vacina para o povo já!” e
identificação dos copos para garantir o uso individual. Claro que não faltaram
as crianças para dar mais brilho e alegria para o encontro. E para aqueles que
as subestimam argumentando que elas não podem compreender e aplicar as medidas
sanitárias, uma lição: todas quiseram máscaras e a cada 5 minutos corriam nas
companheiras para repetir o álcool em gel.
A
reunião com as jovens iniciou com uma intervenção de saudação da companheira
dirigente do MFP na região e o canto Lutadoras da Revolução, logo depois as jovens
ganharam braçadeiras vermelhas, que elas mesmas ajudaram a confeccionar, como símbolo
de que agora estavam organizadas pelo Movimento Feminino Popular.
Na
sequencia todas se apresentaram, apelido, idade, comunidade e foi feita uma
apresentação do movimento, sobre a posição classista quanto a organização de
mulheres de crítica ao feminismo burgues e pequeno burgues, de crítica à falácia
de “empoderamento” e assim também quanto ao 8 de março, sobre o significado
desta data, sobre as 3 montanhas que exploram e oprimem o povo brasileiro e
sobre a 4 montanha da opressão feminina, que recai sobre as mulheres do povo.
As jovens ficaram muito interessadas nesta explicação, pois confrontava com a
versão dos monopólios de comunicação que apresenta o 8 de março como o dia de
todas as mulheres.
Uma
jovem dirigente do MFP falou sobre a experiência do Grupo de Teatro Servir ao
Povo e uma pequena encenação foi improvisada para explicar o que é teatro. O
tema eram duas mulheres conversando e uma que era do mfp chamava a outra para
ir a uma reunião do núcleo do MFP, no qual a outra se negava dizendo ter muito
serviço doméstico a fazer. Em meio a aplausos e risos, todas entenderam o que
era teatro.
A
maioria das companheiras são negras e debatemos com elas sobre a importância da
autoafirmação do povo preto, da resistência de Palmares, da Dandara, do valor
que temos por nossas ideias e não pelo nosso corpo, pela pressão dos padrões de
“beleza” europeus, e várias questões sobre sexualidade, gravidez não planejada,
namoro e tocamos também no grave problema da violência sexual, problema vivido
na grande maioria dos lares e que é um verdadeiro tabu. Pelo tempo que tivemos
não pudemos aprofundar em todos os temas, mas foi proposto a criação do Grupo
Cultural Servir ao Povo para desenvolver atividades com a juventude dentro das áreas,
conhecer e difundir a cultura do povo preto e a partir daí manter também o núcleo
do movimento feminino com as jovens. A empolgação foi geral, todas queriam já
marcar uma atividade.
A canção
Bela Ciao foi escolhida para ser o hino do Grupo Cultural e até coreografia foi
inventada, assim também as consignas de Despertar a fúria revolucionária da
mulher que foi ensaiada várias vezes, um pouco envergonhadas no início, para
depois virar um belo brado das jovens camponesas e quilombolas! Despertar a fúria revolucionária da mulher!
2a
Parte: O Reencontro!
Depois
do delicioso almoço coletivo e a saída de algumas jovens, reuniu-se 38
companheiras no que representava nosso 2o. Encontro, pois muitas que
estavam presentes estiveram no encontro de 2020 e a novas comunidades que não
estiveram ano passado, participaram agora, mesmo em meio a medidas de
isolamento impositivo e toque de recolher (que está sendo imposto em todo o
Norte de Minas). Foi uma grande alegria reencontrar as companheiras, pena que não
podíamos nos abraçar para celebrar com o calor devido esse grande dia.
Inciamos
com o hino Lutadoras da Revolução e uma justa homenagem à companheira Elzita,
que em Outubro completará 10 anos de falecimento e encerramos com o canto
Conquistar a terra, o refrão era cantado por todo o coral e as consignas foram
respondidas com reconhecimento daquelas para quem já não era mais novidade. O
Encontro relembrou os debates iniciados ano passado e o aumento da violência
contra as mulheres em meio a pandemia, o genocídio cometido contra o povo pelos
generais e Bolsonaro, a necessidade de desenvolvimento dos Comitês Sanitários
de Defesa Popular para aplicar medidas de proteção do povo, exigir a vacina
para o povo já e a necessidade de resistir ao isolamento impositivo, levantando
mais lutas pelos nossos direitos, contra a ofensiva contra revolucionária!
Todas levaram pras suas Vilas e Áreas, cartazes da campanha e as canções com o
compromisso de fazer funcionar o novo núcleo do MFP. Uma dirigente do MFP
entregou solenemente uma bandeira do movimento para uma companheira do Novo Núcleo,
assim como o seu Juramento.
Durante
os debates, discutimos sobre o aumento da violência contra a mulher e uma
companheira relembrou com tristeza e ódio o terrível feminicídio ocorrido na
comunidade ha 20 nos atrás, contra uma jovem que era a mãe, irmã e filha de
companheiras presentes. Reafirmamos a posição do movimento contra a ideia
difundida por organizações do Estado e movimentos feministas, que afirmam que
as mulheres têm que denunciar e que a criação das delegacias de mulheres seria
uma conquista para o povo. Reafirmamos que toda polícia é extensão da dominação
contra o povo, de nada adianta denunciar para polícia e autoridades deste velho
Estado, pois estes não têm interesse e não podem resolver nenhum problema do
povo, menos ainda o da violência contras as mulheres, pois trata-se de um
problema que somente a luta revolucionária porá fim! As companheiras lembraram
como esses casos são tratados pela polícia. A lei Maria da Penha tem resultado
no aumento da violência contras as mulheres e sobre o problema das violações, o
tratamento dado pelas autoridades deste velho Estado, somente expõe as mulheres
e jovens e nada resolve. Além disso, debatemos que a causa dessa violência está
nessa sociedade de classes, nesta sociedade atrasada de exploração e opressão e
que só a Revolução Proletária pode emancipar as mulheres de nosso povo.
Defendemos
o direito à autodefesa das mulheres, defendemos a organização de um movimento
forte de mulheres para enfrentar, persuadir e elevar a consciência na educação
de homens e mulheres; adultos, jovens e crianças. Principalmente entre os
companheiros sobre o papel das mulheres na luta, que somos a metade da nossa
classe, como disse o Presidente Mao, sustentamos a metade do céu! Que as denúncias
devem ser feitas ao próprio povo, às suas organizações que julgarão com justiça
e tomarão as providências cabíveis a cada caso, isso, quanto mais se eleve a
organização de mulheres para impor os seus direitos e aspirações!
Viva o Movimento Feminino
Popular!
Somente a luta revolucionária
porá fim à violência contras as mulheres!
Abaixo o genocídio do povo
pobre! Vacina para o povo já!
Nenhum comentário:
Postar um comentário