Guerra reacionária contra o povo assassina crianças no Rio de Janeiro
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
Bertolt Brecht
Engana-se quem por qualquer motivo considera que as mais de 280 mil mortes por COVID-19 em todo o Brasil é a única cruel violência praticada contra o povo brasileiro. A naturalização da violência contra o povo pobre no campo e nas periferias da cidade, praticada pelo velho Estado, particularmente por suas forças policiais e militares é parte de uma guerra reacionária não declarada contra o povo trabalhador. Os monopólios de imprensa naturalizam a violência policial, promovendo a criminalização da pobreza para no final das contas esconder que toda a revolta do povo se justifica! E não perdoam nem as crianças...
Segundo os dados da plataforma Fogo Cruzado, somente ano passado, 22 crianças foram baleadas no Grande Rio, oito morreram e quatro foram alvejadas em tiroteios. Em 2019, 24 crianças foram baleadas, sete morreram e cinco foram vítimas de balas perdidas. No fim do ano passado e início deste ano ocorreram mais ações de crueldade contra crianças em favelas do Rio de Janeiro, que é uma vitrine para o que ocorre em todo o Brasil. Moradores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, protestaram na Praça Raul Cortez, no centro da cidade, no dia 6 de dezembro, após duas crianças serem assassinadas quando brincavam na frente da casa da família na favela Barro Vermelho, no bairro Jardim Gramacho. As primas Emily Victória de quatro anos e Rebeca Beatriz de sete brincavam no portão de casa, no dia 4 de dezembro, quando foram alvejadas por tiros de fuzil. As meninas morreram na hora. Durante o protesto que reuniu centenas de pessoas, entre moradores da comunidade, vizinhos, familiares e integrantes de movimentos populares, a avó de Rebeca, Lídia Santos, afirmou que chegou do trabalho por volta de 20h e viu policiais militares (PMs) efetuando disparos para dentro da comunidade. Quando chegou ao portão de casa encontrou a sobrinha morta com o cérebro para fora e a neta estirada no quintal de casa com um tiro no abdômen. O enterro ocorreu sob forte comoção. O pai de Emily, que trabalha como pedreiro, ajudou a enterrar a filha. Em 2 de fevereiro de 2020, Ana Clara Machado, de cinco anos, foi atingida por dois tiros de fuzil no braço quando brincava com seu irmão na varanda de casa, na comunidade Monan Pequeno, no bairro Pendotiba, em Niterói. No momento dos disparos, uma equipe da Polícia Militar (PM) do 12° Batalhão de Niterói estavana comunidade. A mãe de Ana Clara, Cristiane Gomes da Silva denuncia:
“Eles simplesmente subiram, tinha dois meninos sentados mexendo no celular. Um se rendeu, e o policial continuou dando tiro. De lá mesmo, ele conseguiu acertar minha filha. O menino continuou falando ‘sou morador, sou morador’. Eu corri para ver minha filha que estava no chão. Ele foi falar com o menino e um policial falou para o outro: ‘você fez besteira, você fez besteira … Eu gritava para ele [o PM] socorrer minha filha. Minha filha estava com o osso exposto. Eu fiquei gritando ‘salva minha filha’, e ele não pegava minha filha. Ele pegou minha filha de qualquer jeito, botamos dentro da viatura. Eu falei para eles ‘vocês mataram a minha filha, acabaram com a minha vida’. Eles acabaram com a vida da minha filha de 5 anos”
“Eles simplesmente subiram, tinha dois meninos sentados mexendo no celular. Um se rendeu, e o policial continuou dando tiro. De lá mesmo, ele conseguiu acertar minha filha. O menino continuou falando ‘sou morador, sou morador’. Eu corri para ver minha filha que estava no chão. Ele foi falar com o menino e um policial falou para o outro: ‘você fez besteira, você fez besteira … Eu gritava para ele [o PM] socorrer minha filha. Minha filha estava com o osso exposto. Eu fiquei gritando ‘salva minha filha’, e ele não pegava minha filha. Ele pegou minha filha de qualquer jeito, botamos dentro da viatura. Eu falei para eles ‘vocês mataram a minha filha, acabaram com a minha vida’. Eles acabaram com a vida da minha filha de 5 anos”
O Movimento Feminino Popular se solidariza com a dor e revolta das famílias de todas essas crianças, afirmamos que essa dor é combustível para a destruição dessa velha ordem e construção de uma verdadeira e Nova Democracia. Nossas crianças e jovens, abandonados pelo velho Estado, sem saúde, sem escola, sem lazer, violentadas diariamente pelas hordas policiais têm em suas mães verdadeiras
defensoras de uma nova sociedade, não é por qualquer motivo, é força de uma opressão secular represada. O povo cobrará a vida de cada criança assassinada!
Aqui representando todas as crianças assassinadas cruelmente em nosso país, solenemente, juramos:
Marcos Vinicius, adolescente de 14 anos assassinado durante uma operação policial no Complexo da Maré em 20 de junho de 2018: Presente na luta!
Ágatha Félix, de oito anos, assassinada em setembro do ano passado com um tiro de fuzil nas costas durante uma ação da PM do Rio no Complexo do Alemão: Presente na luta!
João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, assassinado durante operação conjunta das polícias Civil e Federal no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 18 de maio: Presente na luta!
Emily Victória de quatro anos e Rebeca Beatriz, assassinadas em Duque de caxias em 4 de dezembro de 2020 enquanto brincavam no portão de casa: Presentes na luta!
Ana Clara Machado, de cinco anos, atingida por dois tiros de fuzil no braço quando brincava com seu irmão na varanda de casa, no dia 2 de fevereiro, na comunidade Monan Pequeno: Presente na luta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário