06/03/2019

Mobilizar, politizar e organizar as mulheres na luta de classes


Mobilizar, politizar e organizar as mulheres na luta de classes

Boletim do MFP - Movimento Feminino Popular. Março/2019.

 

O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher Proletária, é um dia para celebrarmos a luta das mulheres trabalhadoras em nosso país e em todo o mundo. A data, que é celebrada há mais de 100 anos, surgiu na efervescência da luta revolucionária internacional do proletariado como forma de incentivar a incorporação das mulheres na luta para a construção de uma nova sociedade que ponha fim a toda a exploração, opressão e violência contra as classes exploradas e oprimidas, único caminho para a verdadeira emancipação da mulher.

À medida que se aprofunda a crise do imperialismo, aumentando a exploração, opressão e as guerras de rapina contra as nações e povos dominados, se agravam todos os tipos de opressão e violência contra as mulheres trabalhadoras, que são metade das massas populares em todo o mundo. O odioso sistema imperialista escraviza as mulheres com particular crueldade e cinismo, levando bilhões de seres humanos ao desespero pela incerteza do dia seguinte, com a miséria, o desemprego e a violência do Estado reacionário, roubando suas terras, desatando uma verdadeira guerra contra os pobres. Em nosso país são trabalhadoras operárias, comerciárias, professoras e servidoras públicas da educação e saúde, mães solteiras e chefes de família moradoras das vilas e favelas; camponesas pobres sem terra ou com pouca terra, indígenas, quilombolas e as atingidas por barragens, mineração e cultivos de eucalipto.
  
A avançada crise econômica de decomposição, do capitalismo burocrático, atrasado, do Brasil, afunda o país já há cinco anos numa crise política e moral sem fim. As grandiosas revoltas populares de 2013, que sacudiram o país, fizeram tremer toda a reação. A crise então se agravou numa feroz luta entre os grupos de poder representantes das frações das classes dominantes locais, em que a “operação lava-jato”, no objetivo de salvar a credibilidade e legitimidade das instituições do velho Estado, levantou uma cruzada hipócrita de combate à corrupção. Este ambiente criou o caldo de cultura ainda mais reacionário ao culpar a esquerda e os comunistas por toda a situação caótica a que se chegou, servindo-se das trapalhadas e corrupções praticadas pelos governos de uma falsa esquerda, os oportunistas eleitoreiros do PT/PCdoB/PSB e demais agregados. A crise é de tal monta que não pode ser resolvida a curto prazo e a resposta do imperialismo é aumentar a exploração dos trabalhadores e o saqueio das riquezas naturais dos países oprimidos, como é o nosso. Tal solução levará inevitavelmente mais explosões de revoltas populares. Frente a isto o alto comando das FFAA (forças armadas) reacionárias desencadeou seu plano de golpe militar contrarrevolucionário preventivo ao inevitável levantamento das massas contra os cortes de direitos e políticas de arrocho econômico e repressão, aumentando a militarização de toda a vida social do país. O ministro Moro já botou suas manguinhas de fora, com a desculpa de combater a criminalidade lançou seu pacote de leis draconianas para criminalizar todo protesto popular e principalmente instigando o incremento da repressão contra o povo pobre no campo e na cidade.

O governo latifundista, antioperário, obscurantista e vende-pátria de Bolsonaro, tutelado pelas Forças Armadas reacionárias, já em meio a vários escândalos e trapalhadas, tem pressa em aplicar medidas antipovo com a repressão violenta contra as massas. Como parte do golpe reacionário, cresce o discurso fascista e obscurantista de uma suposta defesa “da família, da moral e dos bons costumes”, que no fundo estimula toda a sorte de preconceitos e ódio contra as mulheres trabalhadoras que são duplamente exploradas, assediadas e violentadas diuturnamente, num crescente, odioso e repulsivo feminicídio.

Defender o movimento feminino popular e combater o feminismo burguês e todo oportunismo

Se por um lado a extrema direita prega seu conservadorismo reacionário e misógino, o oportunismo, como o outro lado da mesma moeda, sob a forma de feminismo burguês e pequeno burguês, influencia as massas de mulheres em todo o mundo e é necessário desmascará-lo em todas as suas formulações e práticas, apontando e construindo o único caminho que pode conduzir a emancipação feminina. O feminismo burguês e pequeno burguês é um movimento necessário para a burguesia e demais classes dominantes pois cumpre um papel importante para dividir as massas, vendendo a ilusão reformista da possibilidade de libertação das mulheres dentro de uma sociedade que tem na opressão feminina uma de suas bases de sustentação. Hoje, as concepções pós-modernas e ecléticas predominam no seio das organizações feministas e são verdadeiras ervas daninhas para a organização proletária das mulheres. O ilusório discurso chamado “empoderamento” feminino (discurso da ONU) não é mais do que a individualização de um problema que não pode ser resolvido dentro dos marcos do capitalismo. Este discurso tenta esconder que a única solução cabal para o fim da opressão feminina é a destruição do poder dos grandes burgueses e latifundiários a serviço do imperialismo, principalmente norte-americano. Sim, a solução passa pela questão do Poder, mas não o falso poder individualizado das mulheres e sim o Poder de classe do proletariado e demais classes revolucionárias. É necessário ter em alta conta que só é possível alcançar a emancipação feminina dentro da luta de classes na luta pela construção da Nova Democracia, nos países semifeudais e semicoloniais como o Brasil, do Socialismo e do Comunismo, incorporando bilhões de mulheres na produção social, ampliando e aprofundando sua participação na luta de classes e promovendo sua elevação cultural/científica, destruindo a base sobre a qual se sustenta toda a exploração e opressão femininas.

O MFP – Movimento Feminino Popular convoca as mulheres de nosso povo para avançar no combate pelos nossos direitos, incorporando-se na luta revolucionária, rumo à verdadeira emancipação das mulheres. Para isso devemos organizar ainda mais núcleos do MFP nos locais de moradia, trabalho e estudo. Apresentamos este jornal para que as companheiras tenham em mãos mais um material para formação política. Devemos organizar grupos de estudos e discussões deste e outros materiais publicados pelo nosso movimento. Além disso, temos o nosso sítio na internet, em que procuramos atualizar constantemente com materiais que sirvam para a formação ideológico-política das companheiras.


O aumento da mobilização, politização e organização das mulheres de nosso povo é parte fundamental e decisiva na luta revolucionária por um novo país e um novo mundo. Nós, mulheres trabalhadoras, devemos tomar consciência cada vez maior sobre o fundo das contradições presentes na nossa sociedade, conhecer a história de luta das massas populares, particularmente das massas femininas e das heroínas de nossa classe e nos organizar para destruir, junto com esta velha sociedade de exploração, todo ódio desprendido contra as mulheres do nosso povo.

Viva a luta popular e revolucionária das mulheres! 

 

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