Reproduzimos a seguir matéria publicada no site Resistência Camponesa sobre importante iniciativa de autosustentação do Socorro Popular em Montes Claros no Norte de Minas Gerais: o bazar itinerante do Socorro Popular.
Qualquer peça por apenas 1 real!
Há
3 anos o Socorro Popular do Norte de Minas desenvolve uma experiencia
de ajuda mútua num bairro proletário de Montes Claros. Resolvemos
compartilhar, após um balanço positivo, de como pequenas iniciativas
econômicas se vinculam à nossa luta por sustentar um trabalho político
de base com as massas pobres das cidades, por comprovar na prática que
os GAM – Grupos de Ajuda Mútua podem desenvolver-se nas cidades apoiados
nos princípios de trabalho coletivo, solidariedade aos que lutam, de
auto sustentação e de companheirismo!
Enquanto organização classista, o
Socorro Popular no Norte de Minas se desenvolveu a partir da necessidade
de apoiar companheiros e companheiras que estão na luta por uma
verdadeira e nova democracia em nosso país e que por isso são
perseguidos, presos e até assassinados, particularmente os camponeses
pobres em luta contra o latifúndio e pela Revolução Agrária!
Como toda organização classista e
combativa, por uma questão de princípios, defendemos nossa auto
sustentação, que significa que devemos caminhar “com nossas próprias
pernas”. Não contamos com nenhum recurso vindo do velho Estado ou de
partidos e organizações eleitoreiras ou religiosas e não queremos nos
tornar reféns de uma ajuda que poderia custar caro à nossa
independência, ainda que muitas pessoas seguem apoiando por simpatia
apenas.
Desse modo, já desenvolvemos várias
experiências. Ha mais de uma década lutamos por estabelecer esse suporte
físico e político à luta dos companheiros, ativistas e militantes no
Norte de Minas. No começo, os companheiros, como o inestimável Professor
Manoel, cediam a própria casa para receber os companheiros em
tratamento de saúde, que passavam por Montes Claros indo procurar
socorro na capital.
Além disso, Montes Claros é considerada
uma “caixa de ressonância” por ser a maior cidade da região e comportar
várias universidades e por isso, diversas atividades desde denúncias e
propaganda da luta são desenvolvidas por aqui pelos companheiros do
“Comitê de Apoio à luta pela terra”. Manifestações camponesas ficaram na
historia da cidade, como a do V Congresso da LCP, realizada em 2008,
que sacudiu suas ruas com mais de 600 camponeses, sendo seguida por
tropas de choque da PM que temerosas acompanhavam empunhando armas de
grosso calibre. Assim também em março deste ano, na manifestação de
camponeses e lideranças que se dirigiram até a sede da Sociedade Rural
para dar uma resposta aos ataques dos latifundiários à luta pela terra.
Em todas essas ocasiões e lutas memoráveis, o Socorro Popular esteve
presente, estendendo suas mãos e oferecendo o pouco que tem para apoiar
os companheiros!
Mas daí nascia uma pergunta: e quem
sustenta o Socorro? É a própria luta e aqueles que à apoiam. Muitos
camponeses que passam pelo Socorro enviam sua contribuição para
sustentar a iniciativa, às vezes isso significa um pacote de café,
outras são produtos colhidos nas roças, algum dinheiro. Além disso,
várias doações vindas da cidade, desde a mobília da casa que foi toda
doada (mesmo precisando passar por uma reciclagem, sempre foi e é bem
vinda), cestas básicas, roupas, livros (temos uma pequena biblioteca),
vasilhames de cozinha, peças de computador (garimpadas), material para
pinturas de faixas, cartolinas, pinceis, tudo, ou quase tudo!
Quase tudo, pois todo mês o aluguel, a
água e a luz batem na porta. É ai que entram os “socorristas”, todo mês é
uma verdadeira luta destes e destas companheiras que atuam no SP para
manter a casa de apoio, onde funciona a sede! Aquele ditado popular que
diz “matar um leão por dia”, expressa bem os esforços destes
companheiros e companheiras que enfrentando as dificuldades, têm grande
orgulho de manter este trabalho em meio à crise que vive nosso país.
Hoje a sede do Socorro funciona também como ponto de apoio aos filhos de
camponeses que conseguiram continuar seus estudos e passaram na
Universidade.
Depois de várias peripécias tentando
arrecadar dinheiro para pagar as contas, sistematizamos a experiencia
com o bazar itinerante, como uma das mais eficientes e simples de
realizar. Logo cedo, no segundo domingo do mês, entupetamos o carro, de
um apoiador, com nosso pessoal e as roupas pré selecionadas, pegamos o
megafone do Comitê de Apoio emprestado e nossas faixas e nos dirigimos à
pracinha da Vila Oliveira. Quando conseguimos descer do carro, com
nossas crianças e as tralhas como roupas, sacolas, cordas, cabides,
sapatos e faixas; dois companheiros passam a percorrer as ruas do bairro
anunciando aos amigos e amigas que já estamos na pracinha e que o bazar
vai começar: QUALQUER PEÇA POR APENAS 1 REAL!
Quando o carro volta tocando um forró no
volume máximo, já tem cliente ajudando a abrir os sacos e despejando as
peças nas mesas de alvenaria. Os moradores já nos conhecem e se chega
algum cliente novo, os demais explicam como funciona e ajudam a atender.
Ficamos aí de 8h até 12h ou mais, até quando a fome aperta. No começo
era difícil, não tínhamos onde usar banheiro, as pessoas não levavam
sacolinha, faltava troco, gastávamos com anuncio pago, desconhecíamos o
melhor dia do mês e da semana, mas aos poucos fomos aprendendo. Várias
vezes recebemos doações dos próprios moradores do bairro, que em segredo
dos outros levaram sacolas com roupas e sapatos. Água não falta e até
lanche já ganhamos. Temos vários amigos na Vila, os tratamos por
companheiros e companheiras e assim: vendendo, cantando e também
discutindo política vamos influenciando e ganhando a confiança de um
povo que não quer viver de migalhas e que volta pra casa com a cabeça
erguida por ter escolhido, comprado e pago enquanto estabelece uma ajuda
mútua com o “pessoal” do Socorro Popular, essa organização que tem
cara, voz e um coração que pulsa em defesa dos direitos do povo!
Ha 3 anos o Socorro Popular do Norte de
Minas desenvolve uma experiencia de ajuda mútua num bairro proletário de
Montes Claros. Resolvemos compartilhar, após um balanço positivo, de
como pequenas iniciativas econômicas se vinculam à nossa luta por
sustentar um trabalho político de base com as massas pobres das cidades,
por comprovar na prática que os GAM – Grupos de Ajuda Mútua podem
desenvolver-se nas cidades apoiados nos princípios de trabalho coletivo,
solidariedade aos que lutam, de auto sustentação e de companheirismo!
Enquanto organização classista, o
Socorro Popular no Norte de Minas se desenvolveu a partir da necessidade
de apoiar companheiros e companheiras que estão na luta por uma
verdadeira e nova democracia em nosso país e que por isso são
perseguidos, presos e até assassinados, particularmente os camponeses
pobres em luta contra o latifúndio e pela Revolução Agrária!
Como toda organização classista e
combativa, por uma questão de princípios, defendemos nossa auto
sustentação, que significa que devemos caminhar “com nossas próprias
pernas”. Não contamos com nenhum recurso vindo do velho Estado ou de
partidos e organizações eleitoreiras ou religiosas e não queremos nos
tornar reféns de uma ajuda que poderia custar caro à nossa
independência, ainda que muitas pessoas seguem apoiando por simpatia
apenas.
Desse modo, já desenvolvemos várias
experiências. Ha mais de uma década lutamos por estabelecer esse suporte
físico e político à luta dos companheiros, ativistas e militantes no
Norte de Minas. No começo, os companheiros, como o inestimável Professor
Manoel, cediam a própria casa para receber os companheiros em
tratamento de saúde, que passavam por Montes Claros indo procurar
socorro na capital.
Além disso, Montes Claros é considerada
uma “caixa de ressonância” por ser a maior cidade da região e comportar
várias universidades e por isso, diversas atividades desde denúncias e
propaganda da luta são desenvolvidas por aqui pelos companheiros do
“Comitê de Apoio à luta pela terra”. Manifestações camponesas ficaram na
historia da cidade, como a do V Congresso da LCP, realizada em 2008,
que sacudiu suas ruas com mais de 600 camponeses, sendo seguida por
tropas de choque da PM que temerosas acompanhavam empunhando armas de
grosso calibre. Assim também em março deste ano, na manifestação de
camponeses e lideranças que se dirigiram até a sede da Sociedade Rural
para dar uma resposta aos ataques dos latifundiários à luta pela terra.
Em todas essas ocasiões e lutas memoráveis, o Socorro Popular esteve
presente, estendendo suas mãos e oferecendo o pouco que tem para apoiar
os companheiros!
Mas daí nascia uma pergunta: e quem
sustenta o Socorro? É a própria luta e aqueles que à apoiam. Muitos
camponeses que passam pelo Socorro enviam sua contribuição para
sustentar a iniciativa, às vezes isso significa um pacote de café,
outras são produtos colhidos nas roças, algum dinheiro. Além disso,
várias doações vindas da cidade, desde a mobília da casa que foi toda
doada (mesmo precisando passar por uma reciclagem, sempre foi e é bem
vinda), cestas básicas, roupas, livros (temos uma pequena biblioteca),
vasilhames de cozinha, peças de computador (garimpadas), material para
pinturas de faixas, cartolinas, pinceis, tudo, ou quase tudo!
Quase tudo, pois todo mês o aluguel, a
água e a luz batem na porta. É ai que entram os “socorristas”, todo mês é
uma verdadeira luta destes e destas companheiras que atuam no SP para
manter a casa de apoio, onde funciona a sede! Aquele ditado popular que
diz “matar um leão por dia”, expressa bem os esforços destes
companheiros e companheiras que enfrentando as dificuldades, têm grande
orgulho de manter este trabalho em meio à crise que vive nosso país.
Hoje a sede do Socorro funciona também como ponto de apoio aos filhos de
camponeses que conseguiram continuar seus estudos e passaram na
Universidade.
Depois de várias peripécias tentando
arrecadar dinheiro para pagar as contas, sistematizamos a experiencia
com o bazar itinerante, como uma das mais eficientes e simples de
realizar. Logo cedo, no segundo domingo do mês, entupetamos o carro, de
um apoiador, com nosso pessoal e as roupas pré selecionadas, pegamos o
megafone do Comitê de Apoio emprestado e nossas faixas e nos dirigimos à
pracinha da Vila Oliveira. Quando conseguimos descer do carro, com
nossas crianças e as tralhas como roupas, sacolas, cordas, cabides,
sapatos e faixas; dois companheiros passam a percorrer as ruas do bairro
anunciando aos amigos e amigas que já estamos na pracinha e que o bazar
vai começar: QUALQUER PEÇA POR APENAS 1 REAL!
Quando o carro volta tocando um forró no
volume máximo, já tem cliente ajudando a abrir os sacos e despejando as
peças nas mesas de alvenaria. Os moradores já nos conhecem e se chega
algum cliente novo, os demais explicam como funciona e ajudam a atender.
Ficamos aí de 8h até 12h ou mais, até quando a fome aperta. No começo
era difícil, não tínhamos onde usar banheiro, as pessoas não levavam
sacolinha, faltava troco, gastávamos com anuncio pago, desconhecíamos o
melhor dia do mês e da semana, mas aos poucos fomos aprendendo. Várias
vezes recebemos doações dos próprios moradores do bairro, que em segredo
dos outros levaram sacolas com roupas e sapatos. Água não falta e até
lanche já ganhamos. Temos vários amigos na Vila, os tratamos por
companheiros e companheiras e assim: vendendo, cantando e também
discutindo política vamos influenciando e ganhando a confiança de um
povo que não quer viver de migalhas e que volta pra casa com a cabeça
erguida por ter escolhido, comprado e pago enquanto estabelece uma ajuda
mútua com o “pessoal” do Socorro Popular, essa organização que tem
cara, voz e um coração que pulsa em defesa dos direitos do povo!
Socorro Popular – Norte de Minas
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