18/09/2018

Qualquer peça por apenas 1 real! Bazar do Socorro Popular em Montes Claros - Norte de Minas Gerais

Reproduzimos a seguir matéria publicada no site Resistência Camponesa sobre importante iniciativa de autosustentação do Socorro Popular em Montes Claros no Norte de Minas Gerais: o bazar itinerante do Socorro Popular.

Qualquer peça por apenas 1 real!



Há 3 anos o Socorro Popular do Norte de Minas desenvolve uma experiencia de ajuda mútua num bairro proletário de Montes Claros. Resolvemos compartilhar, após um balanço positivo, de como pequenas iniciativas econômicas se vinculam à nossa luta por sustentar um trabalho político de base com as massas pobres das cidades, por comprovar na prática que os GAM – Grupos de Ajuda Mútua podem desenvolver-se nas cidades apoiados nos princípios de trabalho coletivo, solidariedade aos que lutam, de auto sustentação e de companheirismo!
Enquanto organização classista, o Socorro Popular no Norte de Minas se desenvolveu a partir da necessidade de apoiar companheiros e companheiras que estão na luta por uma verdadeira e nova democracia em nosso país e que por isso são perseguidos, presos e até assassinados, particularmente os camponeses pobres em luta contra o latifúndio e pela Revolução Agrária!
Como toda organização classista e combativa, por uma questão de princípios, defendemos nossa auto sustentação, que significa que devemos caminhar “com nossas próprias pernas”. Não contamos com nenhum recurso vindo do velho Estado ou de partidos e organizações eleitoreiras ou religiosas e não queremos nos tornar reféns de uma ajuda que poderia custar caro à nossa independência, ainda que muitas pessoas seguem apoiando por simpatia apenas.
Desse modo, já desenvolvemos várias experiências. Ha mais de uma década lutamos por estabelecer esse suporte físico e político à luta dos companheiros, ativistas e militantes no Norte de Minas. No começo, os companheiros, como o inestimável Professor Manoel, cediam a própria casa para receber os companheiros em tratamento de saúde, que passavam por Montes Claros indo procurar socorro na capital.
Além disso, Montes Claros é considerada uma “caixa de ressonância” por ser a maior cidade da região e comportar várias universidades e por isso, diversas atividades desde denúncias e propaganda da luta são desenvolvidas por aqui pelos companheiros do “Comitê de Apoio à luta pela terra”. Manifestações camponesas ficaram na historia da cidade, como a do V Congresso da LCP, realizada em 2008, que sacudiu suas ruas com mais de 600 camponeses, sendo seguida por tropas de choque da PM que temerosas acompanhavam empunhando armas de grosso calibre. Assim também em março deste ano, na manifestação de camponeses e lideranças que se dirigiram até a sede da Sociedade Rural para dar uma resposta aos ataques dos latifundiários à luta pela terra. Em todas essas ocasiões e lutas memoráveis, o Socorro Popular esteve presente, estendendo suas mãos e oferecendo o pouco que tem para apoiar os companheiros!
Mas daí nascia uma pergunta: e quem sustenta o Socorro? É a própria luta e aqueles que à apoiam. Muitos camponeses que passam pelo Socorro enviam sua contribuição para sustentar a iniciativa, às vezes isso significa um pacote de café, outras são produtos colhidos nas roças, algum dinheiro. Além disso, várias doações vindas da cidade, desde a mobília da casa que foi toda doada (mesmo precisando passar por uma reciclagem, sempre foi e é bem vinda), cestas básicas, roupas, livros (temos uma pequena biblioteca), vasilhames de cozinha, peças de computador (garimpadas), material para pinturas de faixas, cartolinas, pinceis, tudo, ou quase tudo!
Quase tudo, pois todo mês o aluguel, a água e a luz batem na porta. É ai que entram os “socorristas”, todo mês é uma verdadeira luta destes e destas companheiras que atuam no SP para manter a casa de apoio, onde funciona a sede! Aquele ditado popular que diz “matar um leão por dia”, expressa bem os esforços destes companheiros e companheiras que enfrentando as dificuldades, têm grande orgulho de manter este trabalho em meio à crise que vive nosso país. Hoje a sede do Socorro funciona também como ponto de apoio aos filhos de camponeses que conseguiram continuar seus estudos e passaram na Universidade.
Depois de várias peripécias tentando arrecadar dinheiro para pagar as contas, sistematizamos a experiencia com o bazar itinerante, como uma das mais eficientes e simples de realizar. Logo cedo, no segundo domingo do mês, entupetamos o carro, de um apoiador, com nosso pessoal e as roupas pré selecionadas, pegamos o megafone do Comitê de Apoio emprestado e nossas faixas e nos dirigimos à pracinha da Vila Oliveira. Quando conseguimos descer do carro, com nossas crianças e as tralhas como roupas, sacolas, cordas, cabides, sapatos e faixas; dois companheiros passam a percorrer as ruas do bairro anunciando aos amigos e amigas que já estamos na pracinha e que o bazar vai começar: QUALQUER PEÇA POR APENAS 1 REAL!
Quando o carro volta tocando um forró no volume máximo, já tem cliente ajudando a abrir os sacos e despejando as peças nas mesas de alvenaria. Os moradores já nos conhecem e se chega algum cliente novo, os demais explicam como funciona e ajudam a atender. Ficamos aí de 8h até 12h ou mais, até quando a fome aperta. No começo era difícil, não tínhamos onde usar banheiro, as pessoas não levavam sacolinha, faltava troco, gastávamos com anuncio pago,  desconhecíamos o melhor dia do mês e da semana, mas aos poucos fomos aprendendo. Várias vezes recebemos doações dos próprios moradores do bairro, que em segredo dos outros levaram sacolas com roupas e sapatos. Água não falta e até lanche já ganhamos. Temos vários amigos na Vila, os tratamos por companheiros e companheiras e assim: vendendo, cantando e também discutindo política vamos influenciando e ganhando a confiança de um povo que não quer viver de migalhas e que volta pra casa com a cabeça erguida por ter escolhido, comprado e pago enquanto estabelece uma ajuda mútua com o “pessoal” do Socorro Popular, essa organização que tem cara, voz e um coração que pulsa em defesa dos direitos do povo!
Ha 3 anos o Socorro Popular do Norte de Minas desenvolve uma experiencia de ajuda mútua num bairro proletário de Montes Claros. Resolvemos compartilhar, após um balanço positivo, de como pequenas iniciativas econômicas se vinculam à nossa luta por sustentar um trabalho político de base com as massas pobres das cidades, por comprovar na prática que os GAM – Grupos de Ajuda Mútua podem desenvolver-se nas cidades apoiados nos princípios de trabalho coletivo, solidariedade aos que lutam, de auto sustentação e de companheirismo!
Enquanto organização classista, o Socorro Popular no Norte de Minas se desenvolveu a partir da necessidade de apoiar companheiros e companheiras que estão na luta por uma verdadeira e nova democracia em nosso país e que por isso são perseguidos, presos e até assassinados, particularmente os camponeses pobres em luta contra o latifúndio e pela Revolução Agrária!
Como toda organização classista e combativa, por uma questão de princípios, defendemos nossa auto sustentação, que significa que devemos caminhar “com nossas próprias pernas”. Não contamos com nenhum recurso vindo do velho Estado ou de partidos e organizações eleitoreiras ou religiosas e não queremos nos tornar reféns de uma ajuda que poderia custar caro à nossa independência, ainda que muitas pessoas seguem apoiando por simpatia apenas.
Desse modo, já desenvolvemos várias experiências. Ha mais de uma década lutamos por estabelecer esse suporte físico e político à luta dos companheiros, ativistas e militantes no Norte de Minas. No começo, os companheiros, como o inestimável Professor Manoel, cediam a própria casa para receber os companheiros em tratamento de saúde, que passavam por Montes Claros indo procurar socorro na capital.
Além disso, Montes Claros é considerada uma “caixa de ressonância” por ser a maior cidade da região e comportar várias universidades e por isso, diversas atividades desde denúncias e propaganda da luta são desenvolvidas por aqui pelos companheiros do “Comitê de Apoio à luta pela terra”. Manifestações camponesas ficaram na historia da cidade, como a do V Congresso da LCP, realizada em 2008, que sacudiu suas ruas com mais de 600 camponeses, sendo seguida por tropas de choque da PM que temerosas acompanhavam empunhando armas de grosso calibre. Assim também em março deste ano, na manifestação de camponeses e lideranças que se dirigiram até a sede da Sociedade Rural para dar uma resposta aos ataques dos latifundiários à luta pela terra. Em todas essas ocasiões e lutas memoráveis, o Socorro Popular esteve presente, estendendo suas mãos e oferecendo o pouco que tem para apoiar os companheiros!
Mas daí nascia uma pergunta: e quem sustenta o Socorro? É a própria luta e aqueles que à apoiam. Muitos camponeses que passam pelo Socorro enviam sua contribuição para sustentar a iniciativa, às vezes isso significa um pacote de café, outras são produtos colhidos nas roças, algum dinheiro. Além disso, várias doações vindas da cidade, desde a mobília da casa que foi toda doada (mesmo precisando passar por uma reciclagem, sempre foi e é bem vinda), cestas básicas, roupas, livros (temos uma pequena biblioteca), vasilhames de cozinha, peças de computador (garimpadas), material para pinturas de faixas, cartolinas, pinceis, tudo, ou quase tudo!
Quase tudo, pois todo mês o aluguel, a água e a luz batem na porta. É ai que entram os “socorristas”, todo mês é uma verdadeira luta destes e destas companheiras que atuam no SP para manter a casa de apoio, onde funciona a sede! Aquele ditado popular que diz “matar um leão por dia”, expressa bem os esforços destes companheiros e companheiras que enfrentando as dificuldades, têm grande orgulho de manter este trabalho em meio à crise que vive nosso país. Hoje a sede do Socorro funciona também como ponto de apoio aos filhos de camponeses que conseguiram continuar seus estudos e passaram na Universidade.
Depois de várias peripécias tentando arrecadar dinheiro para pagar as contas, sistematizamos a experiencia com o bazar itinerante, como uma das mais eficientes e simples de realizar. Logo cedo, no segundo domingo do mês, entupetamos o carro, de um apoiador, com nosso pessoal e as roupas pré selecionadas, pegamos o megafone do Comitê de Apoio emprestado e nossas faixas e nos dirigimos à pracinha da Vila Oliveira. Quando conseguimos descer do carro, com nossas crianças e as tralhas como roupas, sacolas, cordas, cabides, sapatos e faixas; dois companheiros passam a percorrer as ruas do bairro anunciando aos amigos e amigas que já estamos na pracinha e que o bazar vai começar: QUALQUER PEÇA POR APENAS 1 REAL!
Quando o carro volta tocando um forró no volume máximo, já tem cliente ajudando a abrir os sacos e despejando as peças nas mesas de alvenaria. Os moradores já nos conhecem e se chega algum cliente novo, os demais explicam como funciona e ajudam a atender. Ficamos aí de 8h até 12h ou mais, até quando a fome aperta. No começo era difícil, não tínhamos onde usar banheiro, as pessoas não levavam sacolinha, faltava troco, gastávamos com anuncio pago,  desconhecíamos o melhor dia do mês e da semana, mas aos poucos fomos aprendendo. Várias vezes recebemos doações dos próprios moradores do bairro, que em segredo dos outros levaram sacolas com roupas e sapatos. Água não falta e até lanche já ganhamos. Temos vários amigos na Vila, os tratamos por companheiros e companheiras e assim: vendendo, cantando e também discutindo política vamos influenciando e ganhando a confiança de um povo que não quer viver de migalhas e que volta pra casa com a cabeça erguida por ter escolhido, comprado e pago enquanto estabelece uma ajuda mútua com o “pessoal” do Socorro Popular, essa organização que tem cara, voz e um coração que pulsa em defesa dos direitos do povo!
Socorro Popular – Norte de Minas

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