VIVA OS 60 ANOS DE NASCIMENTO DA
REVOLUCIONÁRIA EDITH LAGOS!
Saudamos o natalício da revolucionária Edith Lagos, combatente guerrilheira da Guerra Popular do Peru, heroína do povo peruano. Edith Lagos nasceu em 27 de novembro de 1962 em Ayacucho, numa família de comerciantes. Segundo Norma Lagos, uma de suas irmãs, Edith expressava desde a adolescência a vontade de combater as injustiças e a pobreza que acometia o povo de Ayacucho.
Nos anos 70, participou ativamente das lutas estudantis de sua cidade natal e em 1979 ingressou na faculdade de direito em Lima. Com o início da luta armada no Peru, em 1979 Edith abandona os estudos e assume sua condição de mulher comunista na luta pela revolução. Ela foi responsável por liderar algumas das ações empreendidas pelo PCP em Lima e em Ayacucho. Foi durante a intensificação das lutas nos anos 70 e 80 que as mulheres peruanas passaram a ingressar ativamente nas fileiras do PCP e da luta revolucionária. Edith Lagos é expressão destas mulheres que encontram na luta por uma nova sociedade e que decidiram por dar a vida à classe.
Quando foi detida, Edith se mostrou indomável com a têmpera inquebrantável da forja do PCP. Edith foi libertada, junto de outros combatentes e presos comuns, em uma ação audaz do PCP que tomou a cidade de Huamanga, em Ayacucho. Logo após sua fuga do Centro de Reclusão e Adaptação Social (CRAS) de Huamanga, em março de 1982, Edith foi assassinada em setemebro do mesmo ano em um enfrentamento com as forças policiais em Apurímac (serra sul do Peru), com apenas 19 anos. Seu funeral saiu em procissão pelas ruas de sua cidade natal, no qual compareceram entre 10 e 30 mil pessoas.
Testemunhos de quem a conheceu reafirmam seu desprendimento e desinteresse absoluto e dedicação total à causa revolucionária, sua solidariedade ativa com as massas mais profundas e seu amor pela poesia, cujos versos expressa seu sentimento de vida e vontade de viver pela luta. Por este motivo, selecionamos alguns de seus poemas.
Doloroso grito da vida
Meus ouvidos tem escutado tantas coisas.
Tantas coisas já viram meus olhos.
Meus olhos tem lacrimejado de tanta dor
E é que a dor,
no lábio se converteu em grito.
Mis oídos han escuchado tantas cosas.
Tantas cosas han visto mis ojos.
Mis ojos han lagrimeado de tanto dolor
y es que el dolor,
en el labio se convirtió en grito.
O redemoinho rompeu a calma
Do alto de uma montanha
Ao lado de uma pedra inerte
Meio ao aroma das ervas silvestres
pergunto:
Quanto falta para que o rio
Aumente seu caudal?
Para que tormentosamente arrase
Este cruel presente.
Para o sul avisto os largos caminhos
E nos pampas se notam os redemoinhos
Pergunto aos redemoinhos:
Porque se dirigem ao sul?
Que querem arrasar?
A iniquidade do passado
Lá alojada.
Retoma o caminho curvilíneo, ziguezagueante se dirige lá
Onde a calma já é tormenta
Onde a tormenta já não quer ser calma
Pedra inerte, há muito pedra, há muito inerte.
Sei que o caminho, o rio
O pampa e o redemoinho
Moveu seus guardados sentimentos.
Não querias subir a montanha
Para ver os pampas, o caminho, o rio
E o redemoinho.
Porém a inércia ficou para trás
Incendiados estão teus sentimentos.
Erva silvestre, aroma puro
Te rogo acompanhar-me em meu caminho
Serás meu bálsamo em minha tragédia
Serás meu alento em minha glória.
Serás minha amiga
Quando crescer
Sobre minha tumba.
Lá: que a montanha me abrigue
que o rio me conteste
O pampa arda,
O redemoinho volte, o caminho descanse
E a pedra?...
A pedra lápide eterna será nela
Gravada,
“Tudo permanecerá”.
Sem título
Se a vida, é a ritmica palpitação
dos corações.
Por que a minha palpita com tanta pressa?
É que a dor golpeia o coração
tão fortemente
que é necessário
correr os latidos antes da dor
Vida, grito, dor, coração
tantas coisas...!
Si la vida, es la rítmica palpitación
de los corazones.
¿Por qué la mía palpita tan aprisa?
Es que el dolor golpea al corazón
tan hondamente que es necesario
correr los latidos antes del dolor.
Vida, grito, dolor, corazón,
tantas cosas…!
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